Acordo com Irã abre oportunidades também para o Brasil

O Brasil não participou do acordo, mas ganhará com ele. Após o acordo nuclear com o Irã, o provável fim das sanções internacionais contra o país abrirá oportunidades para investidores e empresas brasileiras. Sem esquecer, claro, que ganharão também a concorrência de americanos, europeus e asiáticos na disputa pelo maior mercado consumidor do Oriente Médio.

Na semana passada, o Irã, os cinco potências do chamado grupo P5+1 (Estados Unidos, Reino Unido, França, China e Rússia, mais a Alemanha) anunciaram as bases de um pacto preliminar para limitar o programa nuclear iraniano, que havia levado o país a ser alvo de duras sanções financeiras nos últimos anos. Um acordo final, com a retirada total das sanções e inspeções inéditas às instalações nucleares do Irã, será costurado nos próximos meses.

Mesmo com os entraves representados pelas sanções, o comércio bilateral com o Irã não caiu signficativamente nos últimos anos. Apesar de os dados oficiais demonstrarem essa queda, triangulações com países como Turquia, Emirados Árabes
Unidos e a China fizeram com que as vendas de produtos brasileiros ao Irã girassem em torno de US$ 2 bilhões anuais, segundo Farrokh Chadan, presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Irã. Carnes e commodities como soja e açúcar compõem a maior parte da pauta das exportações brasileiras para o Irã.

De olho num mercado de cerca de 80 milhões de consumidores, a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) começou, antes mesmo da possível retirada das sanções internacionais, a prospectar oportunidades de negócios para empresas nacionais no país islâmico.

Segundo o estudo da Apex, os iranianos são grandes consumidores de alimentos e bebidas. Outras oportunidades, apontou o levantamento, serão criadas no setor de autopeças, uma vez que diversas montadoras vêm demonstrando interesse no Irã, assim como outros modais de transportes.

A Apex também captou uma potencial demanda de 400 aviões comerciais assim que as sanções caírem. Mas, nesse caso, a dimensão da retirada das sanções é essencial, uma vez que diversos componentes das aeronaves da Embraer têm origem americana.

O Irã tem grande taxa de urbanização, e sua população, além de grande, é jovem, com um alto índice de alfabetização e poder de compra. Os produtores brasileiros de farmacêuticos e equipamentos médicos podem se beneficiar do fato de atualmente o setor de saúde iraniano contar com uma mão de obra qualificada, mas carente desses produtos.

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