Quem deve ter cuidado com a “miopia ambiental”?

A Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, a Rio + 20, começa hoje. Como sempre acontece em um evento que reúne gente de 186 países a incerteza e a falta de consenso dominam o ambiente. É verdade que as expectativas criadas são enormes. Todos os participantes esperam alcançar metas, as mais ambiciosas possíveis. A realidade obrigará a todos, sem exceção, a diminuir suas ansiedades…

O Brasil, como país anfitrião terá responsabilidade especial. Nesse ponto começa certa confusão… A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, falando em evento sobre sustentabilidade criticou as discussões sobre indicadores sócioambientais  que não levam em conta os problemas e dificuldades das questões de governança e gestão. Esse tipo de discurso não acompanha em nada o que os ecologistas mais querem.

O governo brasileiro, portanto, começou sua atuação na Rio + 20 no ataque. A ministra Izabella fez uma frase que deve ser o mote da principal   briga na conferência: “tem limite para a miopia ambiental”. A plateia, formada principalmente por ambientalistas, ouviu a maior autoridade brasileira no assunto dizer “temos de debater como gente grande. Vamos acabar com o achismo ambiental”.

O alvo da ministra era a discussão sobre incentivo ao consumo. Izabella defendeu as medidas do governo brasileiro para estimular o crédito e reduzir impostos para aumentar o consumo. O argumento dela foi que “medidas de curto prazo não podem ser confundidas com a discussão de médio e longo prazos da Rio + 20”.

Por que a ministra do Meio Ambiente adotou posição tão polêmica? Vários analistas notaram que a representante do governo Dlma Rousseff não pretendeu adotar posição extremada de defesa do meio ambiente como se o Brasil – sexta economia do mundo segundo algumas versões – não devesse ter responsabilidades com desenvolvimento, emprego e geração de renda.

A “posição de ataque” do governo brasileiro definiu limites e procurou manter o Brasil na condição de árbitro de um dos  temas base da conferência: mais desenvolvimento ou mais proteção ambiental? Antes que o governo brasileiro fosse cobrado pelo incentivo ao consumo, a ministra tomou a iniciativa de definir as regras do debate. Depois, a ministra Izabella afirmou que é preciso “diálogo” entre as metas de longo e curto prazo. Mas, o principal “recado” já foi dado.

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