Por que os carros custam tão caro no Brasil?

A reação à probabilidade de crescimento fraco do PIB  foi bem forte. O governo divulgou mais um pacote de medidas de estímulo ao consumo. O alvo é bem claro: manter o mais alto possível o nível de vendas no próximo Natal.

A receita utilizada não mudou: prorrogar a redução do IPI, o Imposto sobre Produtos Industrializados tanto para carros, como para produtos da linha branca (quer dizer fogões e geladeiras, por exemplo), móveis e materiais de construção. Com um adendo muito importante foram incluídos no pacote os bens de capital, ou seja, máquinas e equipamentos.

O governo já sabe o custo deste pacote: R$ 5,5 bilhões em impostos que não serão recolhidos entre setembro deste ano até dezembro do ano que vem. Vale notar, no entanto, que o estímulo ao consumo tem uma contrapartida importante: manutenção do emprego, o que significará mais consumo. Em outras palavras, provavelmente o governo receberá com o aumento das vendas muito mais outros impostos do que os R$ 5,5 bilhões que deixou de receber com a redução do IPI.

No pacote de incentivo ao consumo ocorreu uma ressalva: só mais dois meses para comprar carro novo com desconto do IPI. Os técnicos do governo preferiram dizer que a redução do prazo para os carros se devia a capacidade de reação bem mais rápida do setor em relação aos demais ramos de atividade. Só nos dois meses de desconto do IPI para carros o governo deixará de arrecadar R$ 800 milhões. As vendas devem compensar: segundo a Fenabrave (Federação nacional da Distribuição de Veículos Automotores) o desconto no IPI deve ajudar o setor a aumentar suas vendas em 4% em 2012, comparado aos números do ano passado.

Porém, o prazo mais curto de redução de impostos nos carros pode estar ligado aos dados que a matéria de O Globo divulgou na primeira página de ontem, mostrando que o imposto não é o único vilão dos preços altos, porque  margem de lucros das montadoras também pesa na composição dos preços. Os dados da consultoria internacional IHD Automotive mostram que a lucratividade do setor no Brasil oscila entre 30% e 32% do preço final. As montadoras nos EUA, por exemplo, trabalham com lucratividade bem menor, entre 6% e 9%. Esse fato incide muito forte no preço final dos carros pago pelo consumidor brasileiro. Parece contraditório, mas o  governo talvez tenha reduzido o pacote de benefícios para o setor automobilístico porque o lucro do setor permaneceu em níveis muito altos. A matéria de O Globo sobre o preço dos carros no Brasil e sua diferença com o praticado no exterior está no endereço:

http://oglobo.globo.com/economia/automovel-no-brasil-custa-ate-106-mais-que-la-fora-5928923

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