Menos prédios em Pequim, mais ferrovias e rodovias no Brasil?

É muito comum ouvir, hoje, que o desenvolvimento brasileiro depende da China. Se isto é verdade convém saber como anda a economia chinesa. Um artigo da correspondente do Estadão em Pequim mostrou que os migrantes do interior da China já enfrentam dificuldades para conseguir emprego em Pequim. Há muitos anos isso não acontecia.
O maior sinal da desaceleração da economia chinesa está na construção civil exatamente o setor que mais atraia os trabalhadores do mundo rural. A descrição da queda dos salários é impressionante: Zhang, saiu da província de hebei coma promessa de ganhar 3 mil yuans por mês, aproximadamente US$ 400. Tudo que conseguiu em Pequim foi um salário de 500 yuans. Motivo: há seis trimestres consecutivos a economia chinesa desacelera e no período de abril a junho o PIB chinês expandiu 7,6%, o menor nível em três anos. A matéria publicada na edição de 19 de agosto, pg B6, descreve outros situações ainda mais graves com os trabalhadores migrantes nas grandes cidades chinesas.
A contração da economia afetou a indústria pesada, atingindo a siderurgia que usa o minério de ferro exportado pelo Brasil como matéria prima. Como os chineses compraram muito menos minério de ferro, o preço desta commodity despencou no mercado internacional. Resultado: queda de 21% na receita obtida pelos exportadores brasileiros no período de janeiro a julho.
O resultado das exportações menores é uma contração no emprego no Brasil. Uma solução possível para evitar a perda de empregos e de atividade econômica é acelerar a construção de obras públicas aqui mesmo no País usando o potencial que não foi exportado. Todo o programa de expansão de ferrovias e de rodovias no Brasil, anunciado na semana passada, tem esse sentido: manter o crescimento interno frente a crise de quem era o nosso mercado consumidor.

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