Carolina Brandileone, Eduardo Pascoal, Mariana Cafer e Rafael Simões, alunos do curso de Jornalismo da ESPM – SP
A festa da Grécia chegou ao fim. Já a dor de cabeça está só começando. Após anos de gastos intermináveis o resultado foi um colapso na zona do euro. Junto dela Portugal, Irlanda e Espanha também estão no grupo de risco, que vivem nas costas da consolidada Alemanha.
A Grécia queria empréstimos e os bancos queriam emprestar, como diz o ditado “juntou a fome com a vontade de comer”. É preciso entender que apesar de terem se endividado mais do que podiam, os gregos não foram os únicos responsáveis pela crise que está assolando a União Europeia. As hipotecas subprime que os bancos adquiriram por centenas de bilhões de dólares são prova disso.
Antes, com o projeto do euro, a Europa se transformou em uma zona de econômia unificada, mas ainda assim cada país podia seguir sua própria política. Estudiosos como o economista de Harvard Martin Feldstein já indicavam uma instabilidade num grupo econômico como este, onde potências e países instáveis se juntariam causando intrigas nacionalistas e de moeda.
E em 2009 esse modelo revelou falhas. Antes da crise explodir, um novo meio de negociações foi estabelecido pela Grécia, o telefone. Assim quando as autoridades de Luxemburgo, responsáveis por coletar as estatísticas da União Europeia, pediram por números, os gregos passaram que o valor do buraco do PIB seria de 6%, mas depois não existiam provas desses dados.
Ainda em 2009, o FMI calculou que o deficit grego, causado pelos gastos exagerados do governo, chegaria a 7,5% em 2010. Mas quando a crise explodiu, foi encontrado outro valor muito maior, chegando aos 13%.
O fato de terem adiado o reconhecimento dos problemas não alterou a falta de perspectiva com que os europeus se deparam hoje. O risco de calote, as políticas de austeridade, a falta de confiabilidade dos investidores são apenas a ponta do iceberg.
Nessa situação, o mundo ficou com a questão, onde a União Europeia vai parar? Após o rombo vir a público, a Casa Branca enviou o atual secretário do Tesouro Estado Unidense, Timothy Geithner à Polônia para entender a situação da zona e explorar possíveis saídas.
Após sua chegada, a UE negou enxergar sua situação e tomou a posição de apartar os problemas, temporariamente. Neste momento, Bruxelas liberou alguns pacotes para que países como a Irlanda pudessem se recuperar. A pior parte ficou na mão do país de Angela Merkel, que apresentou seu pacote de 100 bilhões de euros para o calote grego que simplesmente levaram a decisão da aceitação desse pacote a público, irritando os alemães.
Tirar a Grécia da UE seria fatal para os gregos que passariam a viver isolados como Cuba. O retorno do dracma, que deixou de ser utilizado em 2002, até poderia incentivar as exportações, mas com o aumento destas e com a moeda desvalorizada, a dívida do país aumenta na mesma proporção, além da inflação alta, fuga de capitais, inadimplência e congelamento de salários, que nada ajudariam o cenário atual.
O resumo da opera é o seguinte: na Grécia a taxa de desemprego está chegando aos 25% da população, que em geral, ficou 40% mais pobre entre 2008 e 2013, de acordo com a Reuters. Além disso, a taxa de desemprego causou um aumento de suicídios, chegando a aproximadamente 500 casos em 2012, de acordo com a Eursostat. Infelizmente, o que resta para os europeus é aguardar os próximos passos da UE.