Guerra dos sexos asiática

Bianca Giacomazzi, Cintia Azuma, Débora Brotto, Gabriela Beraldo, Luísa Sena, Mª Eugênia Mauger – alunas do 3° semestre do curso de Jornalismo ESPM/SP

Independente da educação de ponta que recebem na universidade, apenas 1% dos cargos executivos em empresas tradicionais do Japão são ocupados por mulheres. Ciente de que a força de trabalho feminina elevaria a economia, o primeiro-ministro Shinzo Abe vem tentando incentivar as empresas nacionais. Essas se recusam a discutir dar cargos altos para mulheres, sob pretexto de distrair o mercado japonês do foco de crescimento.

Na China a situação se repete, com um fator agravante: o abismo entre os gêneros é enorme e a ideia de que mulheres não podem ter os mesmos empregos que os homens é enraizada. Em cursos como engenharia náutica não se permite a entrada de mulheres, já que acreditam que elas não aguentariam passar meses confinadas em um navio.

É alarmante que os dois gigantes asiáticos percam parte de seu desenvolvimento econômico por uma questão cultural tão retrógrada quanto a depreciação de mulheres. Metade da população desses países está ou fora do mercado de trabalho ou em cargos abaixo de sua capacidade e preparação devido ao preconceito contra mulheres.

De acordo com resultados de pesquisa do Internal Affairs and Communications Ministry, a presença feminina no mercado de trabalho japonês aumentou. Isso, porém, não significa que as condições de trabalho para as mulheres melhoraram. Elas ainda têm que escolher entre ter filhos ou trabalhar, com a diferença que agora estão casando mais tarde e tendo menos filhos. Além disso, o aumento no número de mulheres que trabalham é muito mais causado por necessidades econômicas do que por qualquer melhoria social. A taxa de mulheres que para de trabalhar após ter o primeiro filho, de 40%, mantém-se a mesma por anos.

As mulheres chinesas talvez sofram menos. Dentre os países asiáticos, a China é aquele que mais qualifica e emprega mulheres. A questão é que os altos cargos são quase exclusivamente masculinos. Além disso, para se manter na função, as mulheres chinesas tem de abrir mão da família e estudar muito, e mesmo assim não alcançam as vagas para as quais estão preparadas. Por conta desse sistema, essas mulheres estão achando maior acolhimento em empresas multinacionais, que respeitam uma lógica capitalista que, na visão delas, apresenta menor discriminação de gêneros do que as empresas estatais chinesas, que são maioria no país.

As economias dos respectivos tigres asiáticos são grandes, porém poderiam ser ainda maiores. São países que evoluem no quesito econômico, mas que são estagnados por problemas silenciosos, como o desemprego e aspectos culturais conservadores. Esses fatores são o empecilho para que se tornem as próximas maiores economias do mundo.

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