Fernando Matijewitsch – aluno do 7o. semestre do curso de Comunicação Social da ESPM/SP
A partir de 13/05/2015, nove grandes companhias de mídia começaram a publicar artigos e reportagens diretamente no Facebook. O projeto, que é oficialmente um teste e restrito, ainda, apenas ao iPhone, conta com a participação de cinco organizações americanas – BuzzFeed, National Geographic, Atlantic, NBC News e The New York Times – e quatro grupos europeus – The Guardian, BBC, Bild e Spiegel Online.
Eis o que o Facebook promete com o seu novo Instant Articles: “um conjunto de recursos interativos que permitem aos editores darem vida às suas histórias em novas maneiras. Dê zoom e explore fotos de alta resolução inclinando seu smartphone. Vídeos tocam sozinhos e ganham vida à medida que você percorre as histórias. Explore mapas interativos, ouça explicações em áudio, e até mesmo curta e comente artigos sem sair dele”.
Ou seja, ao invés de encaminhá-lo para outro site por meio de um link, a companhia de Mark Zuckerberg quer que você nunca mais precise sair da rede social. O texto do artigo se abrirá no próprio aplicativo. Tudo fará parte de uma experiência centralizada pelo próprio Facebook.
Como mostrou reportagem da Folha de S. Paulo, é esperado que os “artigos instantâneos” sejam carregados até 10 vezes mais rápido do que seriam normalmente, uma vez que estarão hospedados no servidor da rede social. “Esse novo modelo tem mais cara e jeito de app”, disse Jonah Peretti, presidente-executivo do BuzzFeed. “Creio que o nosso pacote de conteúdo vá se tornar ainda mais atraente se for carregado mais rápido”.
E, claro, os anúncios estarão presentes. Serão dois modelos: as companhias de mídia poderão vender anúncios incorporados aos artigos e manter toda a receita ou permitir que o Facebook, com uma comissão de 30%, venda tais locais para anunciantes. A rede social também deixará que as empresas obtenham dados sobre as pessoas que leem os seus artigos.
É importante lembrar que a empresa de Zuckerberg é muito importante para o setor de notícias. Com mais de 1,4 bilhão de usuários ativos no mundo, propicia mais visitas a sites noticiosos do que qualquer outro serviço virtual. Para Chris Cox, vice-presidente de produtos do Facebook, a missão da empresa é dar aos usuários aquilo que eles mais querem.
“Vemo-nos primeiro ajudando as pessoas a se conectarem com os amigos e a família”, disse Cox. “E depois ajudando-as a se manterem informadas sobre o mundo que as cerca”.
Para o The New York Times, por exemplo, a rede social representa entre 14% e 16% de seu tráfego na web. “Trata-se de uma chance de expansão e de explorar se o Facebook pode se tornar parte ainda maior do nosso negócio”, comentou Mark Thompson, presidente-executivo da New York Times Co..
Segundo pesquisa do Pew Research Center, cerca de metade dos usuários de internet nos EUA já dizem receber notícias políticas do Facebook. Resultado este preocupante para Eli Pariser, pesquisador que, com a ajuda da rede de Zuckerberg mais tarde, comprovou que “usar o Facebook significa que você tende a ver muito mais notícias que sejam populares entre pessoas que compartilham suas crenças políticas. E há um ‘efeito filtro-bolha’ real e cientificamente significativo: o algoritmo do feed de notícias no Facebook, em particular, tende a amplificar as notícias que seus afetos políticos favorecem”.
As nove companhias de mídia participantes do projeto não planejam, inicialmente, colocar mais do que alguns artigos por semana no novo formato. Porém, o programa deve crescer rapidamente e representar um importante marco para o setor de notícias.