A luta dos desencantados: milhões que afetam bilhões

Amanda Krainer, Deborah Trunk e Nathália Matos, alunas do curso de Jornalismo da ESPM/SP

1,2 milhões. Essa foi a quantidade registrada de votos que fez com que o Reino Unido saísse da União Europeia. Logo após as primeiras horas do resultado, o mercado já revelou impactos.

Hoje, após quase 4 meses da decisão, o Fundo Monetário Internacional (FMI) ainda segue com certo receio quanto ao Brexit. A partir dessa percepção, o Fundo determinou redução de 1% em âmbito global, ou seja, devido a uma decisão isolada o mundo inteiro foi submetido a possíveis consequências econômicas.

Se avaliarmos todo o contexto histórico do pós-1945, o mundo sofre sim o maior surto migratório, não só por conflitos geopolíticos, mas também por conflitos étnicos e religiosos decorridos até hoje.

A verdadeira questão em jogo é a globalização. Países como Londres e Escócia são a favor do fluxo de imigrantes e aceitam completamente a liberdade de circulação do mercado. Possuem internet e são mais informadas, e por isso acreditam sim que a imigração é essencial para a formação da sua nação.

A luta dos desencantados pelo fechamento de fronteiras, contra os processos de integração global, ou seja, contra imigrantes e refugiados, vem de países que não possuem foragidos no seu território. Por falta de informação, eles sofrem preconceito e exaltam ódio e xenofobia. As pessoas vivem com medo e são mais reservadas. Com isso, essa dissolução da Europa como bloco reforça nações como Rússia e China.

Logo após a confirmação da saída do Reino Unido da União Europeia, especialistas avaliaram tal ação e consideram ser benéficas para os países emergentes. Isso acontece porque quanto mais força o hemisfério norte perder, mais o sul pode se aproximar dessas potências mundiais.

O Reino Unido era considerado uma das principais potências da União Europeia. Os acordos realizados com países europeus, são estruturados em conjunto com os Estados Unidos. A finalidade dessa união é criar barreiras para se distanciar dos países emergentes, mas com o Brexit a UE se torna um bloco frágil.

Com isso, os acordos isolados entre países emergentes e europeus podem ser mais vantajosos e acontecer de forma mais simplificada. A Rússia por exemplo já consegue ver as vantagens que terá com a saída do Reino Unido da União Europeia.

Segundo um especialista em investimento russo, os primeiros efeitos positivos para o país serão observados logo no primeiro semestre, pois além da aproximação com a Alemanha após as eleições de 2017, pode acontecer também o rompimento mais rápido das sanções contra a Rússia, como resultado de mudança de governo.

Em 2015, as expectativas de crescimento da Zona do Euro e da China, para este ano, estavam entre as mais altas. Contudo, a partir do decorrer de 2016 e principalmente através da incerteza que o Brexit reflete no mundo, o FMI aponta que esses países devem tomar um rumo não tão positivo em 2017, com índices de crescimento em 1,4 e 6,2, respectivamente.

A saída do Reino Unido da União Europeia fez com que as pessoas de diferentes regiões entrassem em um conflito mais que econômico, um conflito de opiniões. Mas, muito mais do que essa divisão de posições, o BREXIT fez com que as projeções de crescimento global gerassem queda já para 2016 e 2017.

O mundo está sendo redesenhado por processos incontroláveis, e por isso questões culturais e democráticas necessitam da atuação dos líderes políticos para estabilizar a ordem mundial.

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