A fênix chinesa

Gabriela Soares, Giulia Pagliuso, Helena Fortunato e Renata Rosa alunas do curso de Jornalismo da ESPM-SP

Para entender o crescimento econômico chinês temos que voltar ao governo de Mao Tse Tung, que implantou o socialismo na China. Quando ele morreu em 1976, Deng Xiaoping ao assumir o poder percebe o atraso econômico do país. Na tentativa de modernizar, criou as ZEES (Zonas Econômicas Especiais) onde ele define uma área próxima ao litoral leste da China e na parte Sul, perto do oceano pacífico, com o objetivo de facilitar o escoamento da produção, e avançar a economia chinesa, implementando nessa área a isenção fiscal para as multinacionais, concedendo terrenos gratuitos e algo natural que eles já tinham: Os 3 M´s (Matéria Prima, Mercado Consumidor e Mão de Obra) na década de 70 a China já possuía uma grande mão de obra. 

Portanto, Xiaoping deu o pontapé inicial para chegar nesta China que conhecemos hoje. Posteriormente, a China adquiriu uma postura de Socialismo de Mercado dentro do cenário geopolítico, ou seja o país fica aberto para economia e fechado para política. Haja vista que a grande potência é comandada hoje através de uma ditadura, por um partido comunista, o PCCH (Partido Comunista Chinês) onde há censura, onde não há eleições, o povo deve pensar muito bem antes de falar. 

CENÁRIO ATUAL 

A China hoje é referência mundial em desenvolvimento, o país já é o segundo maior PIB mundial, perdendo apenas para os Estados Unidos, mas o que muitas pessoas não sabem é que a China atual tem como responsável pelo seu desenvolvimento, um sistema de escravidão popular comandado pelo governo e que é adotado parcialmente até hoje. Um dos principais motivos que levam o crescimento da China e a adoção do trabalho semi-escravo em algumas zonas chinesas é a população de quase 1 bilhão e meio de habitantes, que faz com  que muitas pessoas aceitem receber muito pouco para trabalhar muito por conta da alta concorrência de pessoas que estão concorrendo por um emprego. A população muito grande também favorece a produção já que quanto mais pessoas trabalhando, maior é a produção.

As multinacionais que estão presentes na China hoje formam um Joint Ventures, ou seja multinacionais dentro do país que recebem investimento do capital Chinês. Essa estratégia de negócio foi criada para que quando as empresas enviassem o capital para os países de origem, uma parte do dinheiro ficasse para a China. E é por isso que os chineses concentram grande parte das ações na Bolsa de Valores. Outro fator que foi um grande atrativo para as multinacionais foi a mão de obra barata, abundante e especializada, e como consequência, a grande expansão de produções, o famoso bordão “Made in China”. A partir dos anos 2000 a China  busca por mais matérias primas, e começam a exercer um “Imperialismo” dentro da África, extraindo commodities. 

O autoritarismo do governo chinês não permite uma mídia independente, mas o fato é que na China existem muitas regiões onde a pobreza reina. Mesmo tendo várias áreas de baixos impostos, em regiões em que o governo chinês mais tem controle, como é o caso de regiões mais ao interior do país,  é possível ver a fome, pois diferentemente das outras regiões essas regiões são onde se concentra principalmente o trabalho semi-escravo, e são  pouco noticiadas internacionalmente. Essas regiões são as quais se concentram grande parte da empresas estrangeiras  como Nike, Apple,  Adidas, Samsung e muitas outras, além é claro das fábricas de tecidos e de equipamentos que permitem a confecção de produtos baratos e de qualidade. Esse por sinal é outro fator que contribui para o crescimento da China, pois o produto acaba saindo mais barato e sendo comprado pelo mundo inteiro. 

No caso das zonas de zero impostos, onde geralmente ficam as sedes das empresas (e não as fábricas) internacionais, as zonas onde ficam os maiores executivos dessas empresas, são elas por exemplo Hong Kong e Xangai,  é muito perceptível a diferença do investimento do governo e é possível achar que se está em outro país ao ver situação dessas regiões com o resto do país, seja em saneamento básico, ou mesmo em questão de desenvolvimento tecnológico. Em Hong Kong por exemplo, que não representa nem 1% do território chinês,  equivale mais de 20% do Pib com as empresas sede. 

A professora de geografia, Ana Claudia Paoli, que leciona há mais de 20 anos em colégios estaduais e privados, afirma que o cenário atual está até sendo chamado de “nova Guerra Fria”, fazendo menção à Organização de Cooperação de Xangai, que aliados à Rússia com mais 5 países da ex União Soviética, alegam que estão combatendo terrorismo, dando força dentro das relações geopolíticas, mas alguns especialistas das relações internacionais afirmam que essa organização faz frente à OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) pela participação da Rússia e da China. A professora ainda afirma:  “Vale ressaltar que dentro da China temos um arsenal nuclear, tem o maior exército do mundo, faz parte do membro permanente do conselho de segurança da ONU, está buscando recursos minerais no continente Africano e estão investindo na corrida aeroespacial. Então é um país bem inteligente, sabem muito bem onde estão atuando”. 

A PANDEMIA 

Estamos vivendo uma pandemia mundial, vários governos estão utilizando políticas ditatoriais para manterem seus cidadãos dentro de casa, porém ao invés de fazerem isso conscientizando as pessoas, eles utilizam de políticas autoritárias contra seus cidadãos. Quando essa pandemia se alastrou na China, diversas pessoas não puderam sair do país por determinação do governo e sofreram sem o atendimento médico adequado. Além disso, de acordo com dados publicados pelo Estadão, a natureza autoritária do regime  chinês e a obsessão por controle do Partido Comunista impediram a divulgação de informações sobre o coronavírus nos estágios iniciais de sua propagação.

Em uma entrevista com Silvia Liu, de 20 anos, que é de Da Lian, China, e está fazendo um programa de intercâmbio, em parceria com o curso curso de Letras da Universidade de São Paulo (USP), ela relatou como tem sido lidar com as consequências da pandemia do coronavírus, e sua visão sobre as medidas de combate a proliferação da doença. “Algumas pessoas acham que o autoritarismo cresceu na China, pois as autoridades tomaram medidas radicais em relação ao isolamento horizontal, mas tem outros que acham que tais medidas são necessárias e eficientes para conter o avanço da Covid-19. Na minha opinião, estamos colocando numa balança a liberdade e saúde pública. Numa hora dessas, se eu tiver que sacrificar um dos dois, optei por garantir a saúde pública e abrir mão temporariamente da liberdade de ir e vir. Ou seja, eu concordo de forma geral com as medidas preventivas do governo chinês, o que trouxe resultados desejados. Mas claro, devem existir casos extremos que poderiam ser evitados”, explicou Silvia, que está há mais de três meses tentando achar um vôo de volta para sua terra natal.

Referencias 

MOTA, R. (3 de Março de 2020). Com medidas autoritárias China pode ter controlado coronavírus. Fonte: Olhar Digital :

https://olhardigital.com.br/coronavirus/noticia/com-medidas-autoritarias-china-pode-ter-controlado-coronavirus/97538

Trevisan, Cláudia. (3 de Fevereiro de 2020). Análise controle e autoritarismo chinês impediram divulgação maior sobre coronavírus. Fonte: Estadão:

https://www.google.com/amp/s/saude.estadao.com.br/noticias/geral,analise-controle-e-autoritarismo-chines-impediram-divulgacao-maior-sobre-coronavirus,70003183394.amp

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