Reflexões sobre a importância das soft skills diante de um mundo em constante transformação

Mariana Malvezzi

A globalização apesar de comumente referida nos seus aspectos econômicos e políticos impõe-se também na esfera individual gerando incontáveis mudanças tais como modificações nos valores familiares, no papel da mulher e da família, nos padrões de comportamento e de relacionamento, no trabalho e seus desdobramentos entre tantos outros aspectos. 

Em especial o indivíduo, nos seus aspectos subjetivos (seu mundo interno), se vê diante de uma verdadeira revolução na qual é cada vez mais comum questionamentos relativos à sua atividade e seus afetos diante do outro e de si mesmo. Neste sentido é possível constatar a transformação das identidades psicossociais existentes na vida cotidiana dos indivíduos, representadas por comportamentos até pouco tempo atrás previsíveis dentro de determinada identidade. Por exemplo, um cargo de gestão presumivelmente ocupado por um homem ou o trabalho de enfermagem presumivelmente ocupado por uma mulher. Tais “regras”, como tantas outras, estão hoje todas postas em cheque.

Os indivíduos que até então desenvolviam identidades, a partir da referencias e dentro de um grupo social, com características próprias e estáveis como, por exemplo, médicos e motoristas, passaram interagir em um mundo cujas fronteiras foram flexibilizadas. Em uma situação prevalece a dominância do grupo profissional em outra situação, a dominância do grupo social e assim por diante. As diferenças existentes no diversos contextos (trabalho, família, relacionamentos) provocadas pela globalização impõem, com muita freqüência, aos indivíduos a necessidade de ser uma combinação de identidades nem sempre congruentes e alinhadas entre si. Por exemplo, ser mãe e profissional, movimento no qual ao se investir em uma identidade (mãe por exemplo) se abre mão de outra (o ser profissional).

É neste contexto que a pertença a um grupo social, que antes além de duradoura era segura e confiável, passou a ser insuficiente. Não há, no atual contexto, uma identidade psicossocial que dê conta das demandas contraditórias que o mundo impõe. Como conseqüência deste processo os indivíduos são exigidos cada vez mais em termos de sua capacidade de adaptação, flexibilidade e resiliência. Palavras estas cada vez mais frequentes no mundo do trabalho e usualmente batizadas como soft skills.

Como tal, as soft skills, respondem pelo movimento de construção e manejo das diversas identidades psicossociais nas quais o indivíduo se vê envolto, uma vez que abrangem habilidades pessoais, sociais e de comunicação além de atitudes e traços de personalidade. Assim as soft skills se mostram importantes ferramentas uma vez que permitem responder às demandas do ambiente ao fortalecer as possibilidades de negociação do indivíduo com o mundo. 

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