Quanto custa comer fora de casa?

Cléber da Costa Figueiredo

Comer fora de casa está cada dia mais caro. Com a instabilidade econômica, o paulistano precisou cortar despesas. Reduzir as saídas com a família para os deleites da gula foi uma delas.
O setor gastronômico é influenciado diretamente pelo sobe e desce dos preços dos alimentos. Observa-se que São Paulo é uma cidade que pertence ao circuito gastronômico mundial. Eventos como o São Paulo Restaurant Week fazem parte da agenda daqueles que ainda têm prazer em comer fora, mas precisam controlar a grana.
Vamos tomar como exemplo o evento citado acima. Há dez anos, em março de 2009, um almoço, neste evento, custava R$ 25,00. Já um jantar, R$ 39,00.

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De lá para cá, o preço do cardápio completo do almoço sofreu, de março de 2009 a março de 2019, um aumento de 88%, que foi maior do que a inflação acumulada no mesmo período, medida pelo IPCA, da ordem de 77%. Embora o preço do jantar também tenha sido atualizado, o reajuste acumulado para o jantar foi de 51%, que andou mais devagar que a inflação acumulada no mesmo período.
O que pode levar a uma falsa impressão de depreciação do preço do jantar é o fato dele ter se atualizado menos que a inflação, quando, na verdade, sua precificação inicial foi construída acima do valor que o consumidor gostaria de pagar por um cardápio completo, dentre aqueles que são servidos no evento.
A dúvida do consumidor pode ser: sair na hora do almoço ou do jantar? Comer fora de casa pode abocanhar uma parcela maior do que o consumidor estaria disposto a pagar por essa mordomia. Então qual o vilão para o aumento do preço?
Uma explicação, para o aumento do preço do comer fora de casa, pode estar alicerçada no valor da cesta básica que cresceu um pouco mais do que a inflação, neste mesmo período.
Se for observado o percentual acumulado do valor da cesta básica (índice de custo de vida), calculado pelo DIEESE, que leva em consideração o preço da carne, arroz, feijão, leite, frutas entre treze outros gêneros alimentícios, no mesmo período, veremos que o acumulado foi de 80%.
Por outro lado, vale lembrar que boa parte do que é servido em eventos como o Restaurant Week, ou em outros estabelecimentos de mesmo padrão dos restaurantes participantes desse evento, tem preço superior aos gêneros alimentícios que compõem a cesta básica.
Camarões, lulas, ostras e outros mariscos acabam inflacionando o preço do cardápio completo de um restaurante. E não são só eles, mas toda a variedade de queijos e outros ingredientes que são exclusividades de muitos restaurantes.
Já que a 25ª edição do evento está prestes a acontecer, a dica para os amantes da gastronomia é aproveitar o jantar que, embora custe alguns reais a mais do que o almoço, está depreciado em relação à inflação acumulada no período.
De qualquer forma, cabe ao consumidor perceber até que ponto seu orçamento se ajusta ao deleite de sair para comer fora, ou então, entender que há um patamar máximo de preço que ele está disposto a gastar e um patamar mínimo cuja credibilidade do serviço não será colocada em prova. Difícil, por enquanto, são as definições desses limites.

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