Rose Mary Lopes
Com o maior acesso da nossa população aos bens de consumo, houve aumento importante no consumo de roupa e confecções. Um balizador é o percentual dos gastos das famílias que chegou a 3,7%.
Somados o setor têxtil e o de confecções totalizaram R$ 46,5 bilhões de vendas industriais (estudo da FGV Projetos sobre a cadeia têxtil e perfil de consumo). Emprega cerca de 1 milhão de brasileiros.
No comércio varejista o setor de confecção é bastante representativo. Só de empregos formais, em 2012, 10,6% dos postos de trabalho era gerado por este setor – 670 mil pessoas.
E, temos que lembrar que, além das lojas físicas, o setor varejista tem se ampliado com canais virtuais, o que certamente também impacta na agregação de mão de obra. Aliás, o e-commerce de roupas, acessórios de moda encanta muitos jovens empreendedores que aí veem oportunidades.
Acham que a fórmula do sucesso é definir um segmento de mercado, uma faixa de idade, gênero ou estilo de roupa, associar-se ou contratar o estilista, e desenvolver coleções e uma marca.
Cuidado. Há que se informar melhor. E se preparar muito. E acumular experiência.
Trata-se de um setor que tem sofrido muito com importações e variação de câmbio. Muita pressão de produtos asiáticos, cujos preços são reduzidos, sobretudo pela baixa remuneração da mão-de-obra.
É um setor complexo que é impactado por muitos fatores: inovações em materiais, tendências de moda, mudanças de hábitos, globalização, facilitação de pesquisas e de compras pela internet, maior fluxo de pessoas viajando, velocidade de criação e produção, entre outras.
Deste modo, consumidores com maior aquisitivo tem mais acesso e podem comparar e comprar produtos no exterior, ou em suas viagens, ou por e-commerce. E, as comparações desfavorecem bastante os produtos brasileiros.
Com preços superiores, qualidade que muitas vezes deixa a desejar – desde materiais, fixação de cores, qualidade de modelagem e de acabamento, sem contar estilo e falta de padronização de tamanhos, os empreendedores deste setor tem muito a seu desfavor.
Da parte de quem quer empreender no setor há muito dever de casa a ser feito. Caso não tenha formação na área, há que estudar e se informar muito. Felizmente progredimos bastante no oferecimento de cursos e de capacitações.
Temos cursos de curta duração para diferentes níveis de mão de obra: desde costura, corte, molde. Há cursos para técnicos, cursos para tecnólogos em modelagem, e cursos superiores em moda, figurino e indumentária, e estilismo em confecção industrial. Há opções presenciais e à distância.
Há cursos de curta duração que tem trazido estilistas famosos para passar seu conhecimento e melhorar a profissionalização deste setor. Um exemplo é o estilista brasileiro Gustavo Lins, que faz parte de um seleto grupo da alta costura francesa, trazido ao Brasil pelo Senai.
Além da profissionalização, precisa conhecer muito o setor. Fazer uma imersão. Arranje formas de conseguir isto. Investigue, converse muito. Acompanhe pessoas que trabalham nele, frequente eventos de moda.
Ganhe experiência prática antes de pretender lançar-se neste mundo. E, se puder, construa parcerias com quem está nele há mais tempo. Os desafios são grandes, mas a preparação, a associação com pessoas certas podem encurtar o seu caminho.