Ricardo Cruz
A continuidade dos negócios e a criação de vantagens competitivas empresariais passa por um momento que exige extrema cautela, uma vez que vivemos situações turbulentas mundiais que se acumulam e gradativamente avançam trazendo instabilidade no ambiente dos negócios exigindo um esforço maior nas questões de riscos corporativos.
A pandemia de covid – 19 afetou o trabalho remoto reduzindo a capacidade do ERM em relação aos ataques cibernéticos e agora a guerra entre Rússia e a Ucrânia pode impactar fortemente o ambiente empresarial mundial pois atinge e acentua o desbalanceamento dos fluxos comerciais, as cadeias de produção, as cadeias de distribuição e até mesmo os fluxos de investimentos.
A segurança cibernética é sem dúvida um fator preponderante para a tomada de decisão nas esferas de diretoria e segundo um estudo da Área de Auditoria da Gartner, 4 são as áreas que exigem um monitoramento crítico e sistemático na atualidade:
– O Risco cibernético: o aumento dos ataques cibernéticos vai exigir uma frequência maior das reuniões extraordinárias e uma revisão constante para atualização dos protocolos de proteção em relação aos ataques diretos aos mercados;
– Risco Financeiro representado pela exposição direta dos fluxos das commodities trazendo um aumento da inflação impactando as moedas e as taxa de juros;
– Risco do bem-estar das pessoas: embora na atualidade a saúde e o bem-estar dos colaboradores já seja tema de debate e ações empresariais, a COVID – 19 e a Guerra podem afetar direta ou indiretamente o desempenho dos trabalhadores;
– E finalmente em destaque o risco para a cadeia de suprimentos que exigirão com certeza a necessidade de recalibrar fluxos evitando escassez e perdas desnecessárias.
Já antecipando um cenário de cautela, estudos da KPMG indicam que 83% das empresas nas Américas – num estudo com 600 executivos – sofreram algum tipo de ataque cibernético em 12 meses ocasionando uma perda aproximada de 1,5% nos lucros devido a fraudes e não conformidades:
A ilustração gráfica na figura 1 foi extraída do estudo da KPMG com base empresas com receitas anuais em bilhões de dólares – 26% faturando mais de 10 bilhões; 34% entre 1 bilhão e 10 bilhões e 40% faturando menos de 1 bilhão.
O estudo ainda destaca que nove em cada dez participantes acreditam que trabalhar em home office afeta de forma negativa a mitigação de risco exigida para a dinâmica do mercado atual principalmente nos setores de contrôle anti fraude, privacidade de dados, lavagem de dinheiro e contrôle ambiental.
Figura 1 – extráido KPMG
A relação entre os riscos cibernéticos é potencializada pela própria relação intrínseca existentes em muitos deles na medida que a atuação dos profissionais que combatem tais ameaças, devem considerar examinar os impactos isolados e de forma conjunta observando a correlação entre os riscos.
Embora a não conformidade, a fraude e as constantes violações cibernéticas exijam um esforço financeiro e operacional de grande proporção, deve se buscar na regulamentação maior rigidez e uma aplicação exaustiva para mitigar esses ataques que cada vez mais trazem perdas generalizadas às empresas.