Oportunidades e eficiência na gestão de startups (1)

Jose Eduardo Amato Balian

Pode-se destacar três pontos na gestão de startups com oportunidades para se obter maior rentabilidade nos negócios.
São eles: a redução ou preferencialmente a eliminação de filas no atendimento à clientes; de horas extras trabalhadas nas fábricas e escritórios e a otimização do nível de estoques de produtos acabados.
Sobre cada um será possível fazer considerações no Blog Nota Alta e a largada será justamente a eficiente gestão dos estoques de produtos acabados.
Em princípio, o ideal seria reduzi-lo ao máximo, no entanto, existem várias situações através das quais o aumento do estoque é vantajoso, como no comércio por exemplo, na medida em que são oferecidas mais alternativas para escolha dos consumidores.
Suponha uma loja de roupas num Shopping Center. Quanto maior variedade de peças puder oferecer aos clientes, maior será a probabilidade de compra dos mesmos.
Em outra situação, a maioria dos produtos possuem um período de pico de vendas e recomenda-se reforçar o estoque antecipadamente para se dar conta do volume a ser vendido nos meses críticos.
Observe que se o estoque sobe, haverá maior necessidade de capital de giro e caso a empresa não esteja capitalizada (que é o caso da grande maioria), perderá rentabilidade com nível de endividamento e despesas financeiras crescentes.
Sempre existirá um conflito entre os departamentos comercial e financeiro das organizações e objetiva-se que os dois saiam derrotados em detrimento à estratégia vencedora da empresa. Em determinado momento sacrifica-se o capital de giro em prol de maior volume de vendas, com níveis de estoque mais elevados e em outro, é o nível de estoque que sofrerá redução para dar alívio ao fluxo de caixa.
No caso da indústria de produtos padronizados, essa questão possui ainda mais variáveis a considerar, pois a posição da empresa fabricante na cadeia de suprimentos normalmente sofre com o chamado “efeito chicote” (figura 1), que ocorre quando pequenas variações em um ponto ampliam ao longo dos inter-relacionamentos da cadeia.
Assim uma pequena variação na demanda efetiva do produto pelo cliente final se amplia ao longo da cadeia, aumentado conforme a distância do cliente final.
A programação da produção conforme demanda poderá acarretar grandes problemas de falta ou sobra de produtos devido ao tempo de resposta por parte da empresa não ser imediato. Sugere-se que se produza “para o estoque” e não “conforme demanda” e que este, atenda às variações no curtíssimo prazo.

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Fonte: Borgatti, Ricardo

Desta forma, a empresa terá condições de programar níveis de produção, compras e capital de giro. Usualmente, a necessidade será maior, mas não perderá vendas em função da falta de produtos ou de não poder atender o cliente no prazo que necessita. A consequência será sempre maior rentabilidade.
Bem! Mas, e o estoque de matéria prima e produto em processo?
A boa seleção de fornecedores, permite a redução do estoque de matérias primas e somente se justifica seu aumento em função das dificuldades de importação e de fornecimento, por parte de empresas pertencentes aos mercados de oligopólio e monopólio.
No caso de produtos em processo, o estoque deverá ser zerado sempre, na medida em que se estabelece níveis de produção e venda em função de seu gargalo, ou seja, sua restrição operacional.
Como resultante desse processo, sugere-se que se diminua os lotes de compras, produção e vendas de mercadorias, isso é, ao se produzir e entregar lotes menores, tanto o comprador como o vendedor se beneficiam, uma vez que atendem de forma mais rápida seus clientes com menor necessidade de capital de giro.
Neste contexto, os executivos precisam ser treinados, primeiro em compreender a visão sistêmica do processo e depois nas ferramentas específicas para operá-lo. Maior integração entre áreas internas e agentes ao longo da cadeia de valor ganham destaque.
A partir do conhecimento do giro de estoque do varejista, pode-se estimar níveis ótimos de produção do fabricante e de vendas dos demais agentes distribuidores.
Em contrapartida, sem a adoção dessa estratégia integrada, vê-se cada agente atuando isoladamente, procurando “empurrar” maior quantidade de produtos aos seus clientes. Pode-se até ganhar no curto prazo, mas a questão será mantê-lo no médio e longo prazo.

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