Por Armando Tadeu, professor do Intergraus Vestibulares
Certa vez, em uma aula de atualidades, o assunto era a polarização politico-militar norte-americana e a multipolarização econômica. Ao falar do império norte-americano, comentei que outros existiram na historia e acabaram ruindo e que este poderia seguir o mesmo curso. A reação de alguns alunos foi imediata: “o que poderia levar a ruina do império norte-americano?” perguntaram.
Na hora lembrei das teses defendidas pelos historiadores franceses André Piganiol e Ferdinand Lot a respeito da queda do império romano e expliquei que para Piganiol Roma foi assassinada dando ênfase as invasões externas por parte dos Bárbaros e para Lot Roma morreu de morte natural apontando para as crises internas, sobretudo, a do escravismo.. Aproveitando esse embate sobre a queda do império romano entre os dois historiadores, perguntei aos alunos: O império norte-americano hoje seria arruinado por meio do assassinato (ataques e invasões externas) ou seria vitima de morte natural (problemas internos)? A turma se dividiu na resposta abrindo um debate, cuja tese de Fernand Lot foi a mais aceita, já que chegaram a conclusão que é praticamente impossível invadir os EUA por mar, terra ou ar.
Deixando de lado outras possibilidades, um ataque externo realmente pode não ser uma alternativa viável no momento para levar o império norte-americano a ruina. No entanto, os norte-americanos podem sofrer punhaladas externas e irem morrendo lentamente.
No último encontro dos BRICS, grupo de países emergentes formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, em Durban na África do Sul ficou acordado a criação de um banco no qual os cinco países em desenvolvimento colocarão dinheiro. O objetivo é se isolarem do Banco Mundial e das exigências diabólicas do FMI (Fundo Monetário Internacional) na concessão de empréstimos. Ficou decidido também a criação de uma moeda para as trocas comerciais entre os cinco países, forma escolhida para fugir da zona do dólar, suscetível as intemperes da economia norte-americana. Nessa direção foram feitos acordos bilaterais como a troca de moedas entre Brasil e China para viabilizar o comércio entre os dois países sem depender mundial de trocas comerciais.
A UNASUL (União das Nações Sul Americanas), formada por doze países da América do Sul (Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai, Chile, Peru, Venezuela, Bolívia, Colômbia Guiana, Equador e Suriname), também é uma forma de isolar os EUA e a OEA (Organização dos Estados Americanos) formada por 34 países exceto Cuba das decisões regionais.
Outros exemplos poderiam ser citados. Mas transitando por essa via de exclusão dos Estados Unidos por parte de grupos de países, podemos intender como punhaladas externas a proposta, ainda que em longo prazo, de colocar os norte-americanos numa área de exclusão? Se a resposta for sim, a morte do império norte-americano por assassinato não é impossível. Para quem já jogou War e Banco Imobiliário sabe que dependendo da estratégia as armas podem ficar em segundo plano.
Curiosamente, no final desta aula, uma aluna embalada pelo seu protestantismo pentecostal disse que, segundo as escrituras sagradas, nos assistimos ao domínio do sétimo e ultimo império da história. Se é verdade eu não vou saber, pois, em função das lentas transformações essa aula eu não vou dar. E nem pretendo se for verdade que o anticristo governará as nações como ela afirmou.