Não vi, mas já estão falando por aí

Por Clarisse Setyon
Professora ESPM

Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura … lembro disto na minha infância. Faz tempo que não ouço esta frase.
Li uma matéria na Folha de S.Paulo, do jornalista Fábio Seixas, sobre algo que um bando de gente, fã do esporte e do marketing esportivo, vem tentando explicar há muito tempo.
O Fábio conta o que aconteceu no último GP de F-1, na Espanha. Eu não assisti a prova.
Números do jornalista: dos 19 pilotos que completaram a prova, 13 tiveram que parar quatro vezes para troca de pneus. Pneus duros não duraram mais que 20 voltas. Pneus macios, no máximo 8 voltas. Entre os depoimentos dos pilotos, pelo rádio, durante a prova, temos o de Webber “o dianteiro esquerdo (pneu) acabou”. O de Rosberg “Se eu acelerar, vão embora (os pneus)”.
Que coisa, não?!
A estimativa de audiência de uma prova de F-1 é de 500 milhões de telespectadores espalhados mundo afora. Todos afoitos para assistir, acima de tudo, desempenho. Desempenho de pilotos, de motores e, claro, de pneus.
Não são poucas as empresas automobilísticas que participam das várias categorias do automobilismo mundial. Com certeza podemos dizer que, ao fazerem isto, um de seus objetivos principais é divulgar suas marcas como marcas de ponta, marcas de desempenho, marcas competitivas, marcas ousadas, enfim, marcas que podem se dar ao luxo de serem colocadas em uma pista de corrida, nas mãos de pilotos profissionais.
Se um piloto profissional dirige um Renault, por que eu, um motorista amador, não poderia ter um carro desses na minha garagem. O carro me confere o status da identidade de marca que ele transmite através de todas suas ações de comunicação. Entre elas, o patrocínio esportivo, a corrida.
Como fica a marca dos “pneus-farofa” – nas palavras do jornalista – perante seus consumidores e potenciais consumidores ? A marca fez algumas coisas corretas: buscou o patrocínio esportivo como opção de comunicação e encontrou um esporte que se identifica com seu produto.
Pena que estas ações, isoladas, não “vendem”. O marketing mix deve ser completo: um produto adequado às expectativas do consumidor, um preço ao alcance do público alvo, uma distribuição bem feita e uma comunicação que engrandeça a marca, que transforme o produto em um objeto de desejo. Nem só de comunicação e patrocínio esportivo vivem as marcas.
Corroborando o jornalista Fábio Seixas, “essa série de barbeiragens” está longe de causar uma boa impressão para a marca. O passará pela cabeça dos consumidores na próxima vez que tiverem que trocar os pneus de seus carros?

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