Mundo das embalagens evolui por conta de tendências, estratégias e legislação

Rose Mary Lopes

Normalmente o consumidor final não se dá conta de quanto é influenciado pela embalagem na compra de um produto. Artigo do professor Fábio Mestriner, coordenador do Núcleo de Estudos da Embalagem da ESPM, revela que 51% dos brasileiros adquiriram produtos devido à embalagem, considerando-a muito no momento de decisão (pesquisa da Mead WEstvaco).

Se levarmos em conta que a maioria dos consumidores decide mesmo é no ponto de venda (81% segundo a Point of Purchase Advertising International – Popai), percebe-se que a forma como os produtos são protegidos durante a logística, embalados e apresentados na prateleira, é um item de competitividade.

As embalagens representam a realização de toda uma cadeia de conhecimento, de empresas e de profissionais: consultorias, agências de design, entidades setoriais, fornecedores de matérias-primas, insumos, adesivos, tintas, pigmentos, máquinas e equipamentos, tampas, rótulos, contentores, big-bags, convertedores etc.

Em 2014 esta cadeia movimentou estimados R$ 55,1 bilhões, segundo o Estudo Macroeconômico da Embalagem feito conjuntamente pela Associação Brasileira de Embalagem (ABRE) e a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Mesmo com a retração de 1,47% ocorrida no ano passado, sobretudo em bens duráveis e de consumo, superou o valor de 2013.

A indústria de embalagens registrava 227.321 pessoas no fim do ano passado. Mesmo na crise há indústrias que demandaram mais embalagens: farmacêutica, bebidas, e perfumaria, sabões, detergentes e produtos de limpeza. Em valores, a fatia das embalagens de plástico correspondeu a 39%, as de celulose 34%, as metálicas 17%. Vidro e madeira dividiram o restante.

No cenário de dificuldades econômicas, a atualização e inovação da embalagem pode ser decisiva para o resultado das empresas. Afinal, a embalagem é um vendedor silencioso que informa para o consumidor se ela protegeu o produto e se este foi bem tratado ao longo de seu percurso. E, que deve também encantar e atrair o consumidor para adquiri-lo.

Ainda que seja comercializado por e-commerce, a embalagem pode exercer sua atratividade durante a compra. Mas, sobretudo, na entrega. O cliente vai verificar o quanto de cuidado e de carinho foi colocado no processo de transporte até a entrega final.

Há muitas tendências influindo na cabeça do consumidor no que se refere às embalagens. Suas necessidades e seus hábitos estão mudando rapidamente, e há necessidade de acompanhar estas mudanças. A consciência sobre os problemas ambientais faz com que exijam embalagens sustentáveis.

Preocupam-se cada vez mais com a saudabilidade. E, a questão de se o produto e até mesmo a embalagem afeta ou não a sua saúde é um tópico especialmente relevante para as embalagens na indústria de alimentos. O consumidor exige transparência, quer ser informado sobre as origens do produto, de sua autenticidade. Para que possa confiar.

Vidas cada vez mais agitadas e velozes fazem com que os consumidores demandem conveniência: no transporte do produto, no seu uso e consumo. Exemplo: a indústria de alimentos oferece opções direto do freezer para o forno. Em embalagens que conservam o alimento, os temperos e aromas e que dispensam mais trabalho e utensílios.

Para atrair os consumidores pode-se lançar mão de embalagens personalizadas ou até adicionar itens que podem ser utilizados posteriormente, como uma forma de se destacar dos concorrentes. Na Ásia há embalagens de perfumes com item que pode ser destacado e usado. Lembre-se, entretanto, que o consumidor também está atento ao preço, portanto, o custo da embalagem pesa no momento de decidir se compra ou não.

O fato é que os empreendedores, as empresas necessitam considerar a embalagem como assunto estratégico. E estar muito bem informados sobre a evolução delas e quais das inovações podem ser introduzidas. Exemplo: na indústria de alimentos novos materiais estão sendo testados: nanomateriais, nanossensores, embalagens comestíveis.

A decisão por alterar as embalagens pode também estar atrelada a novo posicionamento. Este é o caso da Harald, empresa que se destaca no mercado de coberturas, que ao completar 30 anos, reposicionou sua marca e está alterando todas as embalagens de seus produtos.

Porém, a alteração por ser puxada por imposições externas como é o caso de novas normas dos órgãos reguladores. Como a recente exigência feita pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que obriga que os produtos alimentícios informem em seus rótulos se contém substâncias que podem provocar reações alérgicas.

Assim, empreendedores da cadeia de embalagens: percebam que a mente do consumidor e que o mundo não parou com a nossa crise. Há que investigar, se informar, planejar e propor novas soluções e alternativas viáveis, e que se adequem à atual circunstância do nosso mercado. Pois, a competição ficou ainda mais acirrada!

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