Importância e desempenho dos BRICS: passado e futuro

Alexandre Uehara

Entre os dias 13 e 14 de novembro o país sediará a 11ª Cúpula do grupo formado por cinco economias emergentes, que são Brasil, Rússia, Índia e China e África do Sul (BRICS). A sigla foi criada em 2001 pelo o economista Jim O´Neil da consultoria Goldman Sachs, para se referir às economias que no seu estudo de cenários, “Building Better Global Economic BRICs”, projetava que aumentariam sua importância na economia global.
O BRIC era apenas agrupamento conceitual de países até 2006, quando os países assumiram a sigla como forma de identificação e passaram a realizar reuniões informais conjuntas, paralelamente as reuniões do Assembleia Geral das Nações Unidas. A partir de 2011 a África do Sul foi incorporada ao grupo, o que levou a atualização do anagrama para BRICS.
Sendo o fator econômico o fundamento utilizado por Jim O’Neil para reunir esses países, este artigo utilizando-se de dados estatísticos do Fundo Monetário Internacional, volta a comparar o desempenho das economias dos BRICS ao longo últimos anos. O primeiro aspecto que sobressai é o crescimento econômico da China que se descolou dos demais membros do grupo. Comparando-se os produtos internos brutos (PIB) de 2001 e 2018, nota-se que o maior aumento foi o da economia chinesa, que desde o surgimento do acrônimo cresceu 10 vezes, passando de US$ 1,34 trilhões para mais de US$ 13,4 trilhões.

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A segunda colocada em desempenho foi a Índia, que no mesmo período passou de US$ 0,49 trilhões em 2001 para mais de US$ 2,7 trilhões, aumentando em 5,5 vezes o tamanho do seu PIB. Com isso, passou a ser a segunda maior economia do agrupamento, superando o Brasil a partir de 2014, ano em que a variação da economia brasileira ficou em apenas 0,5% e depois foi seguida de dois anos de resultados negativos, -3,5% em 2015 e – 3,3% em 2016.
Comparando-se os valores em dólares, enquanto o PIB da Índia passou US$ 2,04 trilhões em 2014 para US$ 2,29 trilhões em 2016, registrando um crescimento de 12,3%. Nos mesmos anos, o PIB do Brasil sofreu uma queda de 26,9%, variando de US$ 2,47 trilhões para US$ 1,79 trilhões. A tendência é de aumento da diferença entre essas duas economias, pois de acordo com as estimativas do FMI a Índia poderá continuar crescendo em torno dos 7,7% ao ano até 2024 pelo menos, já o Brasil deverá crescer em torno dos 2,2% ao ano.
A Rússia obteve o terceiro maior desempenho entre os BRICS, com um PIB de US$ 1,63 trilhões em 2018, obteve um crescimento de 5 vezes em relação a 2001, aproximando-se do tamanho da economia brasileira. Entretanto, de acordo com as perspectivas do FMI o ritmo russo deverá reduzir daqui para frente. Por isso, por enquanto, não deverá tirar a terceira posição do Brasil no grupo. Por fim, a África do Sul, que é a menor economia do grupo, também foi a que cresceu menos, apenas três vezes no mesmo período, atingindo um PIB de US$ 0,37 trilhões em 2018.
Dentre os cinco membros do BRICS os grandes destaques são a China e a Índia, a primeira vinha mantendo o maior nível de crescimento econômico desde 2001 até 2013, mas, a economia indiana tem apresentado o maior dinamismo econômico dentre os países dos BRICS desde 2014, superando os índices de crescimento chinês. No entanto, a distância entre as economias ainda é grande, em 2018 a diferença entre o PIB chinês (US$ 13,4 trilhões) e o PIB indiano (US$ 2,72 trilhões) foi de 4,9 vezes, por isso, estima-se que a posição chinesa manter-se-á por um bom tempo.
Em conclusão, as projeções do FMI apontam que a importância dos BRICS deve continuar crescendo, como afirmava Jim O’Neil no início do século, mesmo o baixo desempenho do Brasil, Rússia e África do Sul entre 2001 a 2018. A razão para isso é que as dez maiores economias desenvolvidas, em geral tiveram no mesmo período, crescimento proporcionalmente menores nos seus produtos internos brutos.

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