Impactos do uso excessivo de internet e de celulares

Rose Mary Almeida Lopes

A internet e suas maravilhas propiciam experiência que a humanidade nunca teve antes: obter notícias estando em contato em tempo real com quase qualquer ponto do planeta, se comunicar com milhões de pessoas, acessar um acervo inimaginável de informação e de conhecimento.

A rede mundial, associada aos dispositivos móveis, alterou a nossa forma de se relacionar com as informações, as pessoas, a instrução e educação, os negócios e as compras, a leitura, o entretenimento etc.

Aos toques de nossos dedos podemos descobrir informações valiosas, ampliar nosso repertório sobre assuntos, discutir as notícias mais recentes, expressar nossa opinião, pedir ajuda, saber onde e o que os outros estão fazendo.

Como tudo que o homem cria, podem ser usados bem e mal. Já se discute sobre os impactos negativos do uso excessivo da internet, das redes sociais e dos celulares móveis, especialmente os smartphones.

O que caracteriza o uso excessivo? Você conhece alguém que não dorme antes de dar uma espiadinha no celular? Que consulta o celular dezenas de vezes no dia? Que se sente ansioso e perdido quando esqueceu o celular em casa? Você já viu alguém andando de bicicleta sem as mãos no guidão porque está manipulando o celular enquanto se move?

Este uso excessivo vem ocasionando debates e questionamentos por parte de escolas, faculdades, organizações, autoridades. E as questões se relacionam com os impactos no desempenho, no atendimento a clientes, a desatenção em situações de aprendizagem ou de perigo, no estresse e problemas psicológicos etc.

Estas questões tem sido objeto de investigação científica. Assim, parece importante verificar o que se avançou a respeito.

Com relação à características de personalidade, já se aponta que as pessoas com locus de controle externo teriam mais chances de desenvolver um uso excessivo quer da internet, redes sociais ou do celular. Por que?

Esta característica (denominada por Julian Rotter, psicólogo americano) é relativamente estável e indica as percepções da pessoa sobre que instâncias, fatores ou entidades controlam a sua vida.

As pessoas com a crença de controle externo percebem que o que lhes acontece, os resultados obtidos dependem dos outros, da sorte, das circunstâncias. Deste modo tendem a não se perceber como capazes de influenciar e controlar o curso dos acontecimentos ou seu próprio comportamento.

Há resultados indicando que, ao contrário das pessoas com controle interno (com crença de que seus planos, esforços e ações influenciam os resultados na sua vida), são mais propensas ao uso excessivo destes recursos.

Outra característica que impacta no exagero do uso é a ansiedade nas interações sociais. Pessoas que ficam nervosas para conversar com chefes, professores, figuras de autoridade, com outros numa situação social (até mesmo com pessoas do mesmo sexo), se sentiriam mais à vontade mediando o seu contato com os celulares.

Deste modo, aquelas pessoas com intensidade maior de ansiedade teriam mais probabilidade de se tornarem usuários intensivos ou até abusivos no uso destes recursos.

Por outro lado, a necessidade de tocar as coisas, os objetos, pode ser mais intensa em alguns Indivíduos. Exemplo: gostam de tocar as roupas, os brinquedos, os produtos expostos na loja, e até mesmo tocar nas pessoas enquanto conversam.

Os celulares com suas telas de toque propiciam gratificação imediata desta necessidade. Assim, quem é mais motivado pelo toque, vai ficar mais ligado, fissurado com o seu celular.

Estes são apenas alguns resultados encontrados pelos pesquisadores. Há muitas outras características e fatores sendo investigados.

Por ora encerro chamando a atenção para a necessidade do autoconhecimento, da reflexão sobre o próprio comportamento quanto ao uso destes maravilhosos recursos. Fique atento aos comentários que as pessoas a sua volta fazem sobre seu comportamento. Esteja alerta para continuar no comando deles e não se transformar numa pessoa dependente.

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