Pedro de Santi
Às 14:00 hs acontecerá a abertura, com representantes da AMBEV que cuidam da relação com alunos universitários e consumo consciente de álcool. Eles apresentarão a política da empresa à respeito e também uma pesquisa feitas nas últimas semanas sobre como ocorre o consumo de álcool hoje entre os alunos da ESPM.
– Às 16:00 hs, as entidades de alunos CA4D e DAgr debaterão como vêem a questão da embriagues e do consumo consciente nas baladas ESPM. Elas já realizam ações preventivas à violência.
– Às 18:00 hs, o publicitário João Blota, autor do livro Nóia, fará uma palestra sobre seu envolvimento com o uso abusivo de crack , que quase o levou à morte. Ele conta de uma perspectiva muito pessoal como é a experiência de dependência e como sobreviveu a ela.
Organização da área de Humanidades e Direito da Graduação da ESPM-SP, com o apoio do CA4D e DAgr. Vale ACOM.
Este encontro nasce da confluência de preocupações da faculdade e das entidades estudantis. Tive notícia de que as entidades têm organizado um grupo que, durante as baladas, previne situações de violência, assédio e discriminação. Além disto, também está em curso um convênio com aplicativos de taxi para facilitar o deslocamento de quem bebe.
De minha parte, como organizador, este evento vem sendo planejado há anos, em torno de dois episódios.
Em 2007, foi noticiado que alunos da escola haviam sido presos envolvidos em compra e venda de drogas. A presidência da escola ficou muito preocupada e formou um grupo para pesquisar sobre o assunto e desenvolver um documento sobre com a posição da ESPM a respeito. Integrei o grupo e propus que se estendesse a discussão relativa ao uso de drogas a uma discussão sobre o uso de álcool. Pela tradição de baladas, era fácil perceber que os problemas derivados do uso excessivo de álcool eram maiores do que os que envolviam entorpecentes.
Em 2009, o Ministério da Saúde produziu uma pesquisa nacional sobre o uso de álcool, tabaco e drogas entre jovens universitários de 18 a 25 anos. Em cidades que abrigam universidades, foram sorteadas algumas instituições. Sempre me pareceu sugestivo que as faculdades sorteadas na cidade de São Paulo tenham sido a ESPM e a PUC.
Fui o representante indicado pela escola a receber os resultados, em Brasília. Dentre eles, o que mais me pareceu preocupante foi o crescimento agudo (desde a pesquisa anterior, 10 anos antes) do hábito da embriaguez, tanto entre homens quanto entre mulheres. E a embriaguez está diretamente ligada á violência, quer sob o formato de brigas, quer no de acidentes de trânsito, quer no de violência sexual (assédio e estupro).
Na medida em que as festas trazem como atrativos as bebidas que oferecem ou o esquema de open bar, cria-se um aparente conflito de interesses: se a possibilidade de beber em excesso é um importante atrativo da festa, como ao mesmo tempo combater a embriaguez? E os videos promocionais anteriores ou posteriores às festas atestam isto: mostra-se recorrentemente cenas de embriaguez como muito legais ou engraçadas.
Se uma ação de conscientização partisse só da faculdade, pareceria uma ação repressiva, de adultos querendo atrapalhar a diversão dos jovens.
Foi por isto que vi com muita satisfação a preocupação partindo dos próprios alunos e das entidades que promovem as festas. Parece que, enfim, eles passaram a se preocupar com os riscos envolvidos com a violência e quererem não sofre-la ou serem seus cúmplices.
De outra perspectiva, futuros profissionais em grande medida ligados ao marketing, também têm como aprendizado imprescindível o consumo consciente. Por isto, convidamos também a AMBEV, que tem procurado desenvolver ações de sustentabilidade e consumo consciente.
Para completar esta primeira jornada, convidamos o publicitário João Blota, autor do livro Nóia. Em seu livro e suas palestras, o Blota conta como se envolveu pesadamente com crack, a ponto de não saber como sobreviveu. Ele faz parte de um grupo de excessão: aqueles poucos que sobreviveram a uma situação limite de envolvimento com drogas pesadas e sobreviveu para contar a história. E ele o faz muito bem, com leveza, honestidade e, até mesmo, humor.
Espero que este seja um primeiro encontro, que plante uma discussão consistente e continuada sobre o cuidado com a vida de nossos alunos, enquanto aproveitam como devem tudo o que a vida universitária oferece.