Pedro de Santi
No último dia 26 de outubro, faleceu nosso amigo e colega na ESPM, o professor Gilberto Gidra.
Na pós-graduação, ele era professor há 30 anos; na graduação, desde 2003. Desde então, ele deu aula de Psicologia nos cursos de Publicidade e Administração.
O tema de seu mestrado indica de primeira seu universo e forte característica pessoal: a hospitalidade. Seus grandes temas de pesquisa eram as representações sociais e a pesquisa de mercado.
Um homem doce e gentil. Um professor dedicado e competente. Muito profissional e cuidadoso, sabendo não estar bem, há pouco mais de um mês pediu que providenciássemos um professor para, eventualmente, substituí-lo. Mas garantiu que dar aula lhe fazia muito bem e seguiu até a véspera de seu falecimento, por enfarte.
Imaginamos que seria necessária, no máximo, uma licença. Em conversa na semana anterior, combinamos que ele manteria sua carga de aulas normal em 2017. Era com o que contávamos: a companhia do Gidra.
Ao lembrar e homenagear este professor, lembro-me de tantos queridos e dedicados colegas que se foram. E penso no quanto parece injusto o pouco tempo que nos dedicamos à sua memória, consumidos pelas grandes demandas do dia a dia. Há sempre um compromisso profissional a cumprir, um substituto a encontrar e orientar, aulas que não podem ficar vagas em consideração aos alunos.
Por vezes, conseguimos ativar esta memória, reavivar e ressignificar o trabalho de uma vida. No início do semestre, os também colegas professores e queridos amigos Celso Cruz e João Carlos Gonçalves (o Joca) produziram a Ocupação Chamie, em memória do poeta Mario Chamie, entre outras tantas coisas, professor da ESPM. Ficamos muito satisfeitos ao ler na mídia há poucos dias que sua filha, a cineasta Lina Chamie, inspirada pelo evento, está revisitando a obra do pai.
Mas, é preciso reconhecer, é raro conseguirmos preservar a marca da memória daqueles que se vão, em meio ao fluxo do presente. Assim como é difícil proporcionarmos uma condução digna na passagem para a aposentadoria dos mais velhos que, tendo prestado anos de dedicação ao ensino, vão tendo maior dificuldade em se sustentar em sala de aula. Às vez conseguimos, muitas vezes não. Há uma crueldade inelutável na passagem das pessoas e das coisas.
Do nosso luto frente à perda do Gilberto Gidra, que fique para nós o exemplo do profissional e colega excelente; de grande capacidade de acolhimento e empatia. E que esteve implicado no processo de aprendizagem dedicado aos alunos até o fim.
De professor para professor, minha admiração e gratidão.