Festas juninas podem ser chamarizes para pequenas cidades

Rose Mary Lopes

O Brasil conhece bem as festas muito populares realizadas em homenagem aos Santos Santo Antônio, São João e São Pedro. Costumam se estender por todo o mês de junho, e muitas vezes são antecipadas desde Maio e prolongadas até julho.

São festas cristianizadas e europeias, ainda festejadas em diversos países naquele continente (até nos países nórdicos) e trazidas para cá pelos portugueses. Eram as festas joaninas oferecidas aos santos populares, entre eles São João Batista.

Mesclaram elementos rurais e urbanos. Dos caipiras – moradores da roça, caboclos ou matutos adotou, por exemplo, a forma de se vestir.

É um período em que são realizadas muitas quermesses (festas nas paróquias) e arraiás, pequenos e grandes, beneficentes ou não, mas sempre com muita comida e diversão – música, dança e shows – e fogos de artifício. Dependendo do local, ainda se soltam balões.

Costumam apresentar símbolos comuns como os mastros com as bandeiras dos santos e as fogueiras. Estes elementos são originalmente pagãos e foram absorvidos pelo cristianismo. O mastro corresponde ao que era erguido em maio, na primavera, e as fogueiras marcavam o solstício de verão – 25 de junho. Aqui, logicamente, marcam o oposto: o inverno.

As danças – quadrilhas – se originaram na influência francesa de uma dança de salão com quatro pares (quadrille) e foram trazidas pelos portugueses e adotadas pelos brasileiros em meados do século XIX. Mas, das elites ela se popularizou e mesclou com outras danças, ampliando o número de pares.

Em geral, estes pares são encabeçados por um casal de noivos cujo casamento é celebrado ficticiamente durante a dança. É dirigida por um mestre que comanda os pares em sua evolução e figuração. Deve-se à origem francesa o uso, ainda hoje, de alguns comandos em francês.

A música envolve diversos ritmos, dependendo da região do país e das tradições: caipira ou de raiz, forró, xote, samba de côco, reisado, baião e bumba-meu-boi (especialmente no Maranhão). E, são muito populares as cantigas típicas.

Mas, com a urbanização da festa e até o distanciamento de suas origens, podem adicionar shows de bandas de rock, sertanejos românticos etc.

Os comes e bebes ofertam salgados, doces e bebidas com produtos da época como o milho, pinhão, ou ligados ao campo. Tem-se desde: bolo de milho, curau, canjica, mingau de milho, pamonha, arroz doce, batata doce e milho assados, arroz doce, bolinho caipira, doces de abóbora ou de batata doce, cuscuz, pé-de-moleque, paçoca, etc.

A comida varia de acordo com as tradições e costumes regionais. Se o visitante for, por exemplo, a São Luís, Maranhão encontrará: caruru, vatapá, arroz de cuxá, tortas, arroz de toucinho ou maria-isabel. Se vier à região do Vale do Paraíba, não faltarão os bolinhos caipiras, em diferentes versões!

As bebidas típicas destas festas são o quentão (que pode ter até cravo dependendo do local) e o vinho quente.

Há cidades que capitalizam de forma empreendedora este período de festas fazendo com que milhões de visitantes para elas se movam e lá gastem seu dinheiro como Campina Grande (PB) ou Caruaru (PE). Outros milhares acorrem a São Luís (MA), Salvador (BA) e Mossoró (RGN).

Há localidades que procuram preservar as tradições como o Distrito de Tupi, em Piracicaba, já em sua 81ª. edição, aliando a parte religiosa com a festiva. Deste modo, o espírito empreendedor permite que a comunidade se reúna para oferecer a festa arrecadando fundos para obras sociais da própria comunidade.

Parece que seria uma excelente oportunidade para muitas pequenas cidades, seus prefeitos e empreendedores de resgatar suas tradições e raízes para estruturar e montar festas juninas que atraiam visitantes. Estes respondem e procuram se divertir, mesmo em épocas de contenção.

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