Cléber da Costa Figueiredo
Você também é daqueles que não sabe como acumular uma taxa de inflação? Você tentou, tentou e tentou e não conseguiu chegar aos 9,68% acumulados de inflação nos últimos 12 meses anteriores a agosto de 2021? Pois bem. Esse texto quer elucidar como você pode fazer esse cálculo.
Antes de qualquer coisa, você precisa saber que no Brasil existem vários índices de inflação. Todos com uma metodologia de cálculo própria. O Banco Central do Brasil usa o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), calculado pelo IBGE, como referência de meta para a inflação. O termo “amplo” significa que o índice é mais abrangente e compreende os gastos das famílias com rendimentos mensais compreendidos entre 1 e 40 salários-mínimos.
Basicamente, o índice é obtido por meio da análise da variação de preço de um mês, em relação ao mês anterior, de uma série de produtos e serviços básicos consumidos pelos brasileiros. Tanto de preços que variam livremente no mercado quanto de produtos que têm preços controlados pelo Governo.
Os preços da abobrinha, do tomate, do arroz, da passagem de ônibus, do material escolar, da “temida” gasolina, do delicioso pãozinho entre outros são monitorados pelo IBGE, que faz um bem bolado e, “voilà”, obtém um número que indica a variação de preços de um mês em relação ao mês anterior, atribuindo pesos diferentes para cada item dessa cesta de produtos e serviços.
Esses pesos podem modificar a forma como o seu bolso sente o impacto da inflação, já que dependerá muito do perfil de consumo da sua família.
Agora, afinal, como se acumula a inflação? Com a tabela de variações percentuais divulgada pelo IBGE, você pode calcular quanto foi a inflação acumulada num período de um trimestre, de um semestre, de um ano.
Veja só. Para acumular, ou melhor, somar a inflação, não basta somar as variações percentuais. Isso porque quando o preço de um produto ou serviço é reajustado, o reajuste incide sobre o preço anterior, que já havia sido remarcado uma, duas, três … várias vezes.
Se você quiser somar as variações, tudo bem (quer dizer, tudo mal). Você irá chegar ao valor 9,28% que não corresponde ao valor oficial divulgado de 9,68% nos últimos dozes meses.
O que você precisa fazer é calcular o fator 1 + i, utilizando a parcela “i” como taxa unitária (que é dividir a variação percentual por 100 antes de somar 1), e multiplicar essa quantidade pela quantidade de períodos que quiser acumular (do jeito que aparece na coluna D da figura acima). Ao final, o produto será igual a 1,0968, em relação ao período de setembro de 2020 a agosto de 2021. Basta que você subtraia 1 desse resultado e pronto. Você encontrará a maior inflação acumulada em doze meses dos últimos 5 anos, comparada com períodos de tempo iguais, ao utilizar os dados divulgados pelo IBGE.
Para comparar o acumulado dos últimos 12 meses com outros períodos, você precisa trabalhar com janelas de tempo que compreendam períodos equivalentes.
Os motivos geradores da inflação podem ser significantemente complexos (talvez não seja este o caso atual).
O aumento de inflação pode estar atrelado à quantidade de moeda em circulação. Pode ocorrer quando a demanda agregada de uma economia supera a capacidade de oferta dessa economia. Ou ainda, se os custos dos fatores de produção de uma economia aumentam. Com todo respeito aos economistas, esse aumento dos custos me parece o motivo mais plausível.
Como os custos dos combustíveis e da energia, por exemplo, aumentaram muito, as empresas precisaram aumentar proporcionalmente os preços de seus produtos e serviços, para manterem suas margens de lucro, produzindo essa inflação gigante.
É isso. Espero que você tenha entendido como acumular uma taxa de inflação. Resta agora saber se o seu poder de compra diminuiu, aumentou ou se mantém igual. Va lá fazer as contas.