Digitalização das cadeias de suprimentos

Antonio Carlos Bonassa

Segundo (Chopra e Meindl – 2003) uma cadeia de suprimento engloba todos os estágios envolvidos, direta ou indiretamente, no atendimento de um pedido de um cliente. A cadeia de suprimento não inclui apenas fabricantes e fornecedores, mas também transportadoras, depósitos, varejistas e os próprios clientes. 

Pires (2004) clarifica que Logística é parte dos processos da Cadeia de Suprimentos com o objetivo de planejar e controlar o fluxo e a estocagem de bens, serviços e informações desde o ponto de origem até o ponto de consumo atendendo às necessidades dos clientes, enquanto a Gestão da Cadeia de Suprimentos é a integração dos processos de negócios desde o usuário final até os fornecedores primários que providenciam esses bens, serviços e as informações correlatas adicionando valor para os clientes e stakeholders.

Fica fácil de perceber a complexidade das Cadeia de Suprimentos que atuam como redes interconectadas de empresas e pessoas numa formação não linear de relacionamentos. Por conta disso, o gerenciamento de todos os fluxos de uma cadeia de suprimentos sempre foi um desafio.

De acordo com um estudo C-suite global da IBM de 2019, 84% dos diretores da cadeia de suprimentos afirmaram que a falta de visibilidade em toda a cadeia de suprimentos foi o maior desafio que enfrentaram. Isso levou à ineficiência e ao desperdício. De acordo com um relatório da McKinsey, até 90% do impacto ambiental de uma empresa vem de sua cadeia de suprimentos. Por isso, a digitalização da cadeia de suprimentos gera uma economia significativa para as empresas como resultado da redução de resíduos – e ainda gera benefícios ao meio ambiente. (Maximatech, 2021)

Mas o que vem a ser Digitalização da Cadeia de Suprimentos? A digitalização da cadeia de suprimentos pode ser entendida como um Cyber-Physical Systems (CPS). Um CPS é um conjunto de diferentes tecnologias capacitadoras que geram um sistema autônomo, intercomunicante e inteligente e, portanto, capaz de facilitar a integração entre atores diferentes e fisicamente distantes. Este sistema permite três cenários sequenciais: geração e aquisição de dados, computação e agregação de dados adquiridos anteriormente, e, por fim, apoio à tomada de decisão (Bigliardi et. Al, 2022)

A utilização de um CPS requer então que tudo que exista no mundo físico, real, tenha um representante no mundo virtual, no mundo eletrônico. Com isso as coisas que existem no mundo real passam a existir no virtual. Podemos criar o conjunto das vacas, máquinas, aviões, caixas, ou que o que for preciso. Dentro de cada um destes conjuntos os indivíduos podem ser diferenciados pelas suas características. Por exemplo, podemos criar aviões do tipo A e definir sua capacidade em peso, volume, seu comprimento, altura e largura e sua velocidade. Também podemos criar virtualmente representantes das caixas de transporte de maionese e adicionar a elas características de peso, altura, largura etc. Coletamos da base de dados das concessionárias as características de aeroportos e criamos o grupo dos aeroportos em nosso mundo virtual. Das caixas registradoras, em tempo real, podem ser coletados dados de demanda por bairro ou mesmo rua. Coletamos capacidades de produção ao nível de cada máquina de cada linha de produção de nosso fornecedor localizado do outro lado do mundo. Depois que tudo existir no mundo virtual e os computadores, com auxílio de softwares integrados, puderem gerenciar da melhor forma possível as decisões envolvendo o atendimento da demanda, produção, armazenamento, transporte, volumes nos pontos de venda, podemos dizer que adentramos ao mundo da Digitalização as Cadeias de Suprimentos.

O principal benefício da digitalização das cadeias está na possibilidade de tomar decisões mais rápidas e mais assertivas, respondendo melhor à eventuais falhas nos processos ou alterações inesperadas no meio ambiente, que aquelas decisões baseadas em informações desconexas e subjetivas.

Para conhecer um exemplo real acesse: https://www.youtube.com/watch?v=LeKapqAQimk&list=RDCMUCpEJ53BOa9YWTTXerZtKNhg&index=4

Fontes:

Barbara Bigliardi, Serena Filippelli, Alberto Petroni, Leonardo Tagliente,. The digitalization of supply chain: a review, Procedia Computer Science, Volume 200, 2022, Pages 1806-1815, ISSN 1877-0509, https://doi.org/10.1016/j.procs.2022.01.381.

CHOPRA, Sunil; MEINDL, Peter. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos: estratégia, planejamento e operação. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2003

Santos, Fabrício. Maximatech 2021. O que saber da digitalização da cadeia de suprimentos. Disponível em: https://www.linkedin.com/in/fabricio-santos-bb1b01a7/ acessado em 11 de abril de 2022.

PIRES, S. R. I. Gestão da cadeia de suprimentos (supply chain management) – conceitos, estratégias, práticas e casos. São Paulo: Atlas, 2004

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