Professor João Carlos Gonçalves
Sempre houve uma certa polêmica ao se aproximar teoricamente os campos das Comunicações com os campos das Artes, pois o próprio tema sugere muitas reflexões sobre questões atuais e em constante transformação e evolução, como os meios de comunicação de massa, a cultura de massa, as novas tecnologias, a arte e os artistas no contexto contemporâneo.
Nunca se falou tanto em arte como agora: Bienal, exposições com filas quilométricas, mostras de cinema e teatro… tudo isto devidamente divulgado pelos meios de comunicação de massa.
Assim, se por um lado a prensa de Gutenberg, no século XV, possibilitou a reprodução dos textos antes realizados manualmente, foi somente no século XX que se materializou a comunicação instantânea a bilhões de pessoas, o que hoje chamamos de comunicação de massa, através de meios como cinema, televisão, rádio, Internet, revistas, jornais, publicidade que, por sua vez, utilizaram para sua materialização máquinas como câmaras fotográficas, filmadoras, impressoras, gravadoras, satélites, enfim, canais que possibilitam reproduções acessíveis, seriadas e passíveis de distribuição rápida.
Lucia Santaella, em seu instigante livro “Por que as comunicações e as artes estão convergindo”, utiliza como categoria analítica, a configuração das culturas humanas em seis grandes eras civilizatórias: a era da comunicação oral, a da comunicação escrita, a da comunicação impressa, a era da comunicação propiciada pelos meios de comunicação de massa, a era da comunicação midiática e, por fim, a era da comunicação digital .
Santaella, esclarece: “Ao fazerem uso das novas tecnologias midiáticas, os artistas expandiram o campo das artes para as interfaces com o desenho industrial, a publicidade, o cinema, a televisão, a moda, as subculturas jovens, o vídeo, a computação gráfica, etc. De outro lado, para a sua própria divulgação, a arte passou a necessitar de materiais publicitários, reproduções coloridas, catálogos, críticas jornalísticas, fotográficas e filmes de artistas, entrevistas com ele(a)s, programas de rádio e televisão sobre ele(a)s.” Percebe-se, portanto, que a Arte e a Comunicação no sentido de transmitir uma ideia por meio de um código, desde sempre estiveram unidas, porém cada vez mais vemos a arte se manifestar nos meios próprios da comunicação.
Dissociar arte de comunicação em uma análise que envolva a Produção de Linguagem, incorre em perdas para os dois lados. No caso da comunicação a análise fica confinada aos estereótipos da comunicação de massa e no caso da arte, a um olhar voltado ao fazer artesanal.