Como estimular comportamento empreendedor nos filhos

Rose Mary Lopes

Estimular o comportamento empreendedor relaciona-se com o desenvolvimento do potencial do indivíduo. Atualmente isto tem sido preocupação de muitos: professores, educadores, coordenadores, gestores de escolas e faculdades, pais, especialistas e políticos – do legislativo e do executivo.
Sabe-se que o pleno desabrochar das competências empreendedoras abrem possibilidades diversas de escolhas de carreira e não apenas a de abrir e gerir o próprio negócio. Este comportamento marcará a ação da pessoa em quaisquer situações e organizações em que se insira.
Dentro das organizações (como intraempreendedor), como empreendedor social ou político, nas atividades filantrópicas, comunitárias e religiosas, ou mesmo na condução da própria vida. Afinal, Fábio Fowler (Diretor do Centro de Empreendedorismo da Unifei), ser empreendedor é criar e gerenciar projetos.
Ora, o indivíduo empreendedor terá esta postura de encarar quase tudo como projetos a serem realizados. E, o resultado positivo lhe trará a realização pessoal. Acontece que o desenvolvimento do comportamento empreendedor é favorecido, desde cedo, pelos pais e responsáveis pelas crianças.
É o fruto de formas de educar e socializar desde a infância. David MacClelland, psicólogo e pesquisador das Universidades de Harvard e de Boston (já falecido), e outros pesquisadores mostraram, nos anos 60 e 70, que certos pais estimulam suas crianças a desenvolverem suas habilidades e independência.
Desde as brincadeiras infantis eles reforçam positivamente, elogiam e fazem com que as crianças testem brincadeiras e novas formas de utilizar seus brinquedos. Estimulam-nas a lidar com as situações e pessoas. Encorajam-nas a dar novos passos e alcançar o nível seguinte da habilidade.
Ante o insucesso e o choro, ouvem, aceitam e amparam, e depois reforçam a crença de que seus filhos tem capacidade de continuar (logicamente com cuidado para não transgredir as possibilidades reais da criança). Estimulados a voltar, a tentar novamente, treinam a persistência e a tolerância às dificuldades.
Ajudam seus filhos a estabelecer objetivos e a conquistar. Os feitos são elogiados e celebrados. Incentivam a iniciativa e a responsabilidade. Ajudam a aprender e avaliar os resultados.
Deste modo, todo o tempo, propiciam o fortalecimento da autonomia e da segurança. Dentro dos limites que sejam apropriados para suas idades e capacidades. Protegem se for necessário, mas não os superprotegem ou assumem atividades e responsabilidades que seriam deles.
Fazem-nos compartilhar tarefas em casa. Aliás, este tipo de socialização é mais frequente em sociedades influenciadas pela ética protestante de trabalho. Testemunhei nos EUA, como as crianças são treinadas a se vestirem sozinhas (principalmente o casaco de inverno, pois representa sobreviverem no frio).
Sabem desde cedo seus nomes e o dos pais, endereço onde moram, onde trabalham os pais, telefones de contato. Aprendem a se virar e buscar alimento quando tem fome. Numa atitude bem oposta ao que observei relativamente a amigos e conhecidos que servem até os filhos adolescentes.
Já testemunhei pais esquentarem refeições já prontas no micro-ondas para o filho adolescente. Esta infantilização prolongada é contrária ao desenvolvimento do comportamento empreendedor. Assim, mesmo que escolas e faculdades queiram estimular nele a iniciativa, a independência, o estabelecimento de metas, o enfrentamento de desafios, ele terá dificuldade.
Pode se chocar, se sentir inseguro, pois estas capacidades não lhe foram demandadas antes. Terá dificuldade para desenvolver o senso de auto-eficária: acreditar que dará conta do recado. E, mesmo que se esforce e se dedique, certamente terá perdido tempo e oportunidades.
Então fica aqui o recado para pais e responsáveis: a superproteção é antídoto do comportamento empreendedor. Para desenvolver o comportamento empreendedor há que incentivar a iniciativa, autonomia, e responsabilidade desde cedo e reforçar os bons resultados alcançados.

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