Chavez está morto. E o Chavismo?

Por Armando Tadeu
Professor do Intergraus

Hugo Rafael Chaves Frias nasceu em 1954. Filho de professores, ficou no comando da Venezuela por 14 anos numa trajetória que o levou de militar anônimo a presidente popular.
Como militar, depois de uma fracassada tentativa de golpe contra o então presidente Carlos Andrez Perez em 1992, Hugo Chavez é preso e perdoado após dois anos. Sai candidato a presidente em 1998 e vitorioso inicia o mandato no ano seguinte.
No controle político da Venezuela idealizou a “Revolução Bolivariana” em alusão a Simon Bolivar, o libertador que livrou a região do domínio espanhol. A proposta, segundo Chavez era instalar o “socialismo do século XXI”, mudando a imagem do país com reformas sociais políticas e econômicas. Tendo o então líder cubano, Fidel Castro por referência, centralizou a administração, mudou a constituição, estatizou a economia, criticou países capitalistas economicamente fortes, usou dinheiro do petróleo para incrementar programas sociais e por meio de plebiscito conseguiu a reeleição ilimitada. Tirou do ar meios de comunicação anti governista cassando concessões de tv, por exemplo. e emplacou uma retórica anti estadunidense chegando a dizer no seu discurso na Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) que sentia cheiro de enxofre por que o diabo havia passado por ali se referindo ao ex-presidente norte-americano Jorge W. Busch que discursou antes dele.
Hugo Chavez, apesar de conquistar a devoção popular, não conseguiu conter a violência, o desabastecimento e a inflação que chegou a ser uma das maiores da América Latina.
Com o fim de Hugo Chavez analistas tentam decifrar o seguinte enigma que paira sobre a Venezuela e os venezuelanos: Será que o sonho bolivariano de Chavez, ou seja o chavismo, sobrevive sem seu idealizador? Será que o chavismo seguirá os passos do peronismo que ainda hoje mantem o folego de vida pulsante no coração dos argentinos? Será o chavismo uma ideologia ou apenas um capricho do ex-presidente? A devoção popular se manterá religiosamente fiel ao líder morto ou o tempo sepultará o chavismo junto com o líder transformando em pó idéias e idealizador?
Resposta só o tempo as dará com solidez. Por enquanto a mesma especulação que gira em torno da escolha de um novo Papa, gira em torno da manutenção do chavismo.
Para o presidente do Uruguai José Mujica, o chavismo será duradouro. Segundo ele “vamos assistir a um processo chavista sem Chávez” que vai se manter por “muito tempo”, porque essa corrente “tem uma gigantesca mística”, e afirmou que será “semelhante ao peronismo na Argentina!” Remontando a época do ex presidente argentino Juan Domingos Perón (1895 – 1974)
“Podem ser discutidos programas e ideias” do chavismo, “mas é muito difícil discutir a mística”, declarou Mujica na segunda feira .11 de março, ao site do Jornal La República.
Já na opinião do escritor peruano Mário Vargas Liosa a “revolução bolivariana desaparecerá mais cedo que tarde, derrotado pela realidade concreta, a de uma Venezuela, o país potencialmente mais rico do mundo, a qual as políticas do caudilho deixam empobrecida, fraturada e inflamada, com a inflação, a criminalidade e a corrupção mais altas do continente”, Llosa, em matéria publicada domingo , 10 de março, no jornal La Republica, disse que “esse híbrido ideológico que Hugo Chávez maquinou, chamado revolução bolivariana ou socialismo do século XXI, já começou a descompor-se”. O premio Nobel de Literatura de 2010 afirmou na matéria intitulada “A Morte do Caudilho” que não acredita que Nicolas Maduro, herdeiro político de Chávez, conseguirá substituí-lo e que Henrique Capriles, opositor do chavismo, tem a tarefa de convencer o povo venezuelano a desencantar do chavismo.

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