BRASIL ACORDADO

Por Cesar Veronese, Professor do CPV Vestibulares

É quase impossível determinar com exatidão o momento em que nasce um gênio, um artista ou um grande homem público. Mas a morte pontua com inequívoca certeza o desaparecimento dos seres.
O ano chega ao fim e, ainda sob a comoção planetária da morte de Mandela, o mundo relembra outros óbitos ocorridos ao longo de 2013. Entre tantos, Lou Reed, Doris Lessing, Léon Ferrari, Marshall Berman… E Patrice Chéreau, que vi uma única vez em cena (no monólogo LA DOULEUR, de Marguerite Duras), e que permanece como a mais soberba das encenações a que já assisti.
O Brasil, por sua vez, disse adeus a Paulo Vanzolini, Dominguinhos e, há poucos dias, a Fauzi Arap. Mas o legado de cada uma dessas vozes permanece e enquanto a espécie humana existir, esses homens e mulheres continuarão a honrá-la.
2013 fica, também, como o ano em que nem tudo acabou em pizza no Brasil. Contra o discurso da grande mídia, autointitulada porta-voz das preferências dos cidadãos, o povo saiu às ruas e mostrou que nem todos se satisfazem com o angu da Copa do Mundo. Que nem todos são ingênuos perante as mentiras fabricadas e manipuladas.
O Brasil também deu um passo no que diz respeito à impunidade dos políticos corruptos. É certo que há muita gente graúda (políticos e não políticos) na coluna social, e que há muito deveria estar atrás das grades. Mas, em que pesem os motivos dos condenados do mensalão, o certo é que ninguém foi parar na Papuda porque estava sentado no sofá tomando todinho e brincando com o Pikachu.
Como irão terminar essa prisões, até quando o povo continuará indo para a rua, que tipo de barraco será armado durante os jogos da Copa, não sabemos ao certo. O certo é que o Brasil não está de braços cruzados.
Por outro lado, as listas dos livros mais vendidos do ano elencam NADA A PERDER VOL. 2, do bispo Edir Macedo, e KAIRÓS, do padre Marcelo Rossi, respectivamente, como os líderes de venda. Fé e dinheiro não se harmonizam, nós todos o sabemos desde o fortalecimento da Igreja Católica como instituição, em fins da Idade Média. E os ensinamentos de Jesus, como mostram genialmente os filmes de Pasolini, nada têm a ver com os mercadores da fé ou articuladores de qualquer outro tipo de negócio.
Mas já é bom que algumas luzes tenham começado a se acender.
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