Eduardo Benzatti
“Aliança do Crime” foi exibido no 40º Toronto International Film Festival (Festival Internacional de Cinema de Toronto). O Ator Johnny Depp (completamente transformado para representar o personagem principal desse drama) disse numa coletiva que procurou “humanizar” o gangster Whitey Bulger, irmão do senador dos Estados Unidos Bill Bulger (Benedict Cumberbatch), que foi (a história é real e se passa nos anos 70/80 do século passado) um dos criminosos mais famosos do sul de Boston. Não sei onde.
O que se vê no filme é a trajetória de um psicopata e sociopata que age como líder de um grupo de mafiosos envolvidos com toda espécie de crimes: roubo, trafego de drogas e armas, assassinatos, jogos legais e ilegais etc.
Baseado no livro homônimo (o título original é “Black Mass”) escrito por Dick Lehr e Gerard O’Neill, a história é contada por meio de flashback, onde os personagens vão sendo apresentados através de interrogatórios (“delação premiada”) e sendo situados na trama pelos seus depoimentos. O roteiro não é linear – e como às vezes acontece nesses casos, um pouco confuso -; a reconstituição das décadas é bem feita e as atuações convincentes (além de Depp, há Benedict Cumberbatch, Joel Edgerton, Kevin Bacon, Dakota Johnson, dentre outros).
O ponto central da trama é um acordo feito entre o gangster e o leal amigo de infância John Connelly (Joel Edgerton) – agora agente do FBI. Até que ponto Whitey Bulger de fato passa informações relevantes para o agente ou somente o manipula e o envolve – como cúmplice – em suas ações que visam ampliar seu território para além do sul de Boston – a origem do mafioso é irlandesa, logo até armas para o IRA (Exército Republicano Irlandês) ele tentará enviar.
Vale conferir mais pela atuação de Depp – alguns de seus olhares e falas são de uma perversão assustadora – e confirmar o que já se sabe: o crime organizado é parte do organismo da sociedade norte-americana (aliás de qualquer uma do mundo contemporâneo) e é difícil combatê-lo – com ou sem “delação premiada”, pois cada um conta a “sua versão”, a “sua verdade”.