Orlando Assunção Fernandes.
Na última quinta-feira, 01/03, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou os dados referentes ao PIB brasileiro de 2017.
Os números apresentados revelaram que o país cresceu 2,1% em relação ao quarto trimestre de 2016, mas apenas 0,1% na comparação com o trimestre imediatamente anterior.
No acumulado do ano o PIB brasileiro, calculado a preços de mercado, totalizou 6,560 trilhões de reais contra os 6,259 trilhões registrados em 2016. Entretanto, descontando-se os efeitos da inflação sobre o produto (o chamado deflator implícito do PIB), a taxa real de crescimento do PIB de 2017 foi de apenas 1,0%.
No que concerne ao desempenho do PIB per capita (indicador que divide o PIB pelo número de habitantes), os dados revelaram que a economia brasileira cresceu ainda menos, apenas 0,2% em 2017.
Quando analisamos a trajetória do PIB pela ótica da oferta, o destaque ficou com setor agropecuário que apresentou impressionantes 13,0% de crescimento em relação ao ano anterior.
Todavia, dada a sua baixa participação na formação do PIB brasileiro, somado ao fraco desempenho do setor de serviços (0,3%) e à estagnação da indústria (0,0%), o ritmo de crescimento da atividade econômica como um todo (1,0%) permaneceu aquém do desejado.
Já quando examinamos os resultados do PIB pela ótica da demanda, notamos que, como ocorrido em anos anteriores, o consumo das famílias (1,0%) e as exportações (5,2%) foram a força motriz dessa retomada, revertendo os dois últimos anos de recessão.
Todavia, o consumo do governo (-0,6%) e a formação bruta de capital fixo (com queda de 1,8%) continuaram a registrar contrações.
A taxa de investimento da economia (a chamada formação bruta de capital fixo), responsável pelo aumento da capacidade de produção, não acompanhou o crescimento do consumo, ao contrário, voltou a apresentar, pelo décimo quarto trimestre consecutivo, taxa negativa.
O fato é que sem a necessária ampliação da capacidade produtiva, limita-se a oferta de bens e serviços e, portanto, torna-se inviável acelerar o ritmo de crescimento econômico sem que isso não acabe por pressionar a inflação.
Para que tal cenário seja revertido, faz-se necessário elevar a disponibilidade e o volume das operações de crédito, reduzir o custo dos financiamentos (leia-se taxas de juros menores), simplificar a estrutura tributária, dirimir as incertezas jurídicas e políticas, entre outras tantas questões.
Como se vê, apesar dos números positivos comemorados pelo governo, há ainda muito a se avançar para conseguirmos crescer de maneira sustentada e recuperarmos as fortes perdas acumuladas ao longo dos últimos anos.
Podemos até ter passado pelo pior da tempestade, mas ainda levará algum tempo para desfrutarmos da bonança.