Roubo de engenheiros? Mas, eles foram as estrelas no salão do automóvel de Xangai

No ano passado, quando as montadoras de carros norte-americanas recuperaram a capacidade de ter recorde de vendas, os chineses já foram os maiores fabricantes de carros do mundo. Agora, o Salão do Automóvel de Xangai, graças às 50 montadoras de origem chinesa e seus múltiplos lançamentos, é também o mais surpreendente. Os lançamentos incluem muitas cópias de carros ocidentais, até um superesportivo híbrido com jeito de Ferrari, incluindo a novidade da exposição de “gênios importados”.
O fato é que a grande quantidade pode virar muita qualidade. Como mostrou matéria da Folha de São Paulo, assinada por Felipe Nóbrega, na edição de 30 de abril, pg B10, no salão, as estrelas das grandes marcas locais passaram a ser os seus novos times de engenheiros e designers, recém contratados de companhias como Mercedes, Porsche e BMW. Com pose de superstars, a imagem deles está nos panfletos, tão grande quanto a dos carros, ou na própria ambientação dos estandes.
O resultado foi curioso: os “gênios importados” chamaram mais atenção do que os carros. Na Chery, a apresentação do projetista Hakan Saracoglu (ex-Porsche) alcançou mais pompa do que a estréia do SUV Beta 5 , a anunciada grande novidade da empresa. Outros quatro reforços contratados da Mercedes, e GM foram também exibidos.
Os gênios têm missão bem definida: “ajudar a desenvolver carros e reverter a imagem de baixa qualidade que os chineses tinham no passado”, disse Saragoglu, que trocou, faz 8 meses, Stuttgart por Xangai. O salário é três vezes maior que o da Alemanha.
Mesmo as marcas chinesas recém lançadas, como a Qoros, voltadas para mercado de luxo, planejam, por exemplo, ser mais competitiva em mercados de bem mais exigentes como os EUA e Europa. A Qoros importou o designer Gert Volkerda , da inglesa Mini, e o chefe de produção Alexander Weoberg mais o preparador de motores Klaus Schimidt, os dois da BMW.
A decisão de investir em conhecimento é mais poderosa do que a decisão de conquistar mercado a qualquer custo. Toda essa conquista de gênios é patrocinada pelo governo chinês que investiu US$ 20 milhões na construção de um dos mais avançados centros de desenvolvimento de veículos do mundo. Tudo indica, portanto que agora os chineses querem “gente” do Ocidente, não apenas o mercado desse lado do mundo.

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