A UTI de Curitiba e a Escola Base de São Paulo

Por Prof. Mario Rene

A médica intensivista, chefe da UTI do Hospital Universitário Evangélico de Curitiba, no Paraná, está presa há mais de dez dias por supostamente acelerar o “desfecho” de pacientes graves. E não só ela: mais alguns membros do corpo clínico que atuavam com ela na UTI também estão detidos.
As investigações da polícia suspeitam que eram os pacientes do SUS os primeiros a serem, digamos assim, desconectados.
É um cenário dantesco, não é mesmo?
Há relatos até que apontam que ela “desconectara” o próprio marido…
Mas… vamos ao contraponto.
Tenho conversado com alguns médicos sobre esse caso, e todos eles estão muito reticentes quanto à sua veracidade.
Corporativismo?
Pode ser.
Mas também pode ser…
… um grande engano.
Por exemplo, uma das transcrições das gravações feitas pela polícia do Paraná que resultaram na prisão da médica sob acusação de homicídio qualificado, foi lida assim: “Nós estamos com a cabeça bem tranquila pra assassinar”, pra tudo, né?”. O que foi posteriormente “relido” como “Nós estamos com a cabeça bem tranquila pra raciocinar”…
Os médicos por mim consultados são unânimes em comentar que a linguagem em uma UTI é muito particular: códigos e termos não usualmente empregados em diálogos corriqueiros. E que devem ser interpretadas dentro do contexto de uma UTI.
Então… pode ser que a midia esteja direcionando o noticiário para apenas um lado?
E se realmente for esse o caso, não estaremos repetindo, de modo assustador, o episódio de 1994 da “Escola Base”?
Lembram-se?
Em Março daquele ano, a mídia paulistana “crucificou” os donos daquela instituição por supostamente abusarem sexualmente de várias crianças, o que foi baseado nas investigações de um delegado tendencioso (posteriormente afastado), relatos de pais e até “laudos médicos”.
Os donos foram presos, a Escola destruída, e só algum tempo depois se constatou que tudo não passara de…
… um grande engano.
Mas aí já era tarde… reputações e carreiras definitivamente arrasadas.
Alguma semelhança possível com o cenário atual da UTI?

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