Contraponto: Tem gente a favor do dopping…

Hoje, começa a coluna Contraponto, assinada pelo Mario Rene que sairá toda terça-feira. Como está no nome, Contraponto, terá a função de provocar polêmica.

Tem gente a favor do dopping….

Prof. Mario Rene

A ideia deste blog é comentar artigos, crônicas ou notícias veiculados pela grande mídia e que despertaram a atenção por afrontarem o senso comum, o politicamente correto ou o que até então se acreditava como verdade absoluta.

Minha tarefa será árdua, pois além da seleção dos temas, várias vezes irei lidar com verdadeiros “vespeiros”, sem que eu vá emitir minha posição. Mas, tão somente, trazer à tona argumentos submersos até então que possam, de algum modo, embasar o fato a ser discutido.

Vou iniciar com um tema absolutamente polêmico, contrário, desbravado por Ellis Cashmore, um historiador britânico, autor do livro “Making sense of Sports” (Compreendendo os esportes). Ele foi entrevistado pela Revista Época de 11 de Fevereiro último, sob o título “O dopping não fere o espírito olímpico”, e suas declarações vão na direção contrária ao politicamente correto e mesmo à ética.

O termo dopping, ao contrário do que muitos imaginam, não advém de dopamina, mas de “doop”, um sumo extraído do ópio desde os antigos gregos. Muitos dos quais consumiam cogumelos alucinógenos, vejam só.

Notem que o dopping esportivo é milenar. Mas… quem pode ser a favor? Além do entrevistado, é claro.

Bem… me aventuro a dizer que uma grande parcela de atletas se doparia se não fosse proibido.

E mesmo que proibido, se supusessem não ser flagrados no anti-dopping.

O que, por sinal, foi o caso claro do famoso ciclista Lance Armstrong por uma década.

Notem que a opinião pública ficou escandalizada não só pelo dopping em si, mas também (e talvez principalmente) por haver mentido durante este tempo inteiro.

O que me faz lembrar do caso do ex-presidente americano Richard Nixon, no episódio Watergate, em que ele foi execrado muito mais por haver repetidamente mentido, e adulterado os tapes, do que pelo delito da espionagem em si.

O historiador britânico defende que a liberação do dopping tornaria o esporte mais transparente e seguro, pois no lugar de substâncias clandestinas poderia ser monitorado por médicos.

Tudo isto é perturbador, pois vai de encontro ao que há de mais politicamente correto, que é o de condenar o dopping como sujo e falso.

Esta é a regra atual.

A cafeína era considerada dopping até 2004. Quer dizer, café antes de provas, nem pensar. Nem mesmo chá preto.

Ainda hoje um simples antigripal como Naldecon dá suspensão ao atleta. Lembrem-se a respeito da suspensão sofrida pelo ex-ponta esquerda do São Paulo F.C. e da seleção brasileira, Zé Sérgio, nos anos 80.

Enquanto escrevia neste espaço, quatro nadadores australianos acabaram de confessar o uso nas Olimpíadas de Londres de um medicamento chamado Stilnox que combate a insônia, e também é proibido. Serão punidos?

Reflitam: se houvesse anti-dopping no vestibular, qual seria o resultado?

Quantos e quantos vararam (e varam) noites de estudo com as tais “bolinhas”?

E quantos não são os que ingerem Ritalina para deixá-los mais ligados, droga esta que foi desenvolvida para crianças que sofrem com déficit de atenção?

E uma pergunta insidiosa: Viagra é dopping?

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