Crise vai acelerar investimento em TI e aumentar eficiência

É muito cedo para se ter uma ideia completa da intensidade do choque da pandemia sobre as empresas, mas uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) mostra que, apesar do temor da maior parte dos executivos e funcionários com os efeitos negativos da covid-19, há uma parcela significativa dos entrevistados que anteveem uma onda de investimentos em tecnologia e uma evolução de processos que, em condições normais, provavelmente demorassem anos para acontecer. 

Para o levantamento, ao qual o Valor teve acesso, foram ouvidas 519 pessoas que atuam sobretudo na área administrativa -33% delas em cargos de diretoria e presidência – de companhias de diversos setores, a maior parte (41%) de grande porte. 

Entre os entrevistados, 66% esperam efeitos negativos da crise em suas organizações. A gestão de caixa deve ser o aspecto mais afetado, segundo a maior parte dos respondentes (12%), seguida por finanças e faturamento e da venda de produtos ou serviços (veja ao lado). 

No entanto, para 34%, a pandemia vai acelerar a adoção de medidas que trarão ganhos de eficiência organizacional, melhora da infraestrutura de tecnologia e a adoção de novas formas de trabalho, como o remoto. 

Quase 98% dos entrevistados afirmaram que houve mudanças na rotina de trabalho dos funcionários de suas empresas em decorrência da crise. A mais comum delas, apontada por 40,5% deles, foi a adoção do teletrabalho, ou home office, seguida pela adoção de escalas de folgas e revezamento, da redução parcial da jornada de trabalho e de férias coletivas. 

A maior dificuldade sentida pelas pessoas com a adoção forçada do home office é a falta de interação e dos relacionamentos interpessoais, seguida de problemas de infraestrutura em casa e do descontrole do horário de trabalho, que faz com que as jornadas sejam mais longas. A dificuldade de conciliar a rotina de trabalho e a doméstica e o excesso de reuniões virtuais e telefônicas também aparecem entre as maiores reclamações de quem passou a trabalhar fora do escritório. 

As empresas também se esforçam para mostrar aos funcionários, fornecedores e ao público em geral o que estão fazendo para enfrentar a pandemia. Das pesquisadas, praticamente todas fizeram algum tipo de pronunciamento ou publicação em mídias sociais sobre o tema. O que a pesquisa revela, porém, é que para a quase absoluta maioria (98%) dos entrevistados o discurso não se confirmou na prática, principalmente com relação à adoção de medidas de prevenção ao coronavírus (30% dos entrevistados) e na proteção dos funcionários (26%). 

A insuficiência de equipamentos para o trabalho remoto foi o maior desafio enfrentado pelos executivos e funcionários consultados. Quase 36% das pessoas entrevistadas disseram ter notado a falta de computadores e outros equipamentos que viabilizam o trabalho remoto. Para 22,6% dos respondentes, o maior problema foi lidar com sistemas obsoletos. A escassez de matéria-prima e a falta de mão de obra qualificada aparecem em seguida na lista. 

https://valor.globo.com/empresas/noticia/2020/06/22/crise-vai-acelerar-investimento-e-aumentar-eficiencia-diz-pesquisa.ghtml

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