Lyft pagará para quem deixar carro em casa

Dois anos atrás, John Zimmer, cofundador e presidente da Lyft, que administra um aplicativo de transporte, previu que a propriedade de automóveis deixaria de existir nas principais cidades americanas até 2025.
Faltando sete anos para a reviravolta prevista, a Lyft se oferece, agora, para pagar pessoas dispostas a estacionar seus automóveis por um mês. A proposta vale para mais de 30 cidades e a remuneração vem sob a forma de 500 a 600 créditos para seu serviço de corridas. Também há créditos para serviços de compartilhamento de bicicletas e automóveis, e de transporte público.
A iniciativa é uma jogada de marketing. A Lyft vai escolher cerca de 2 mil pessoas para participar e aguardar que elas sejam honestas em dispensar o uso de seu automóvel pessoal. O programa se estenderá por apenas um mês, mas indica uma verdadeira guinada no setor de serviço de corridas.
Tanto a Lyft quanto o Uber passaram o ano acrescentando meios de transporte a suas plataformas. Cada uma delas comprou uma empresa de compartilhamento de bicicletas – o Uber adquiriu a Jump; a Lyft, a Motivate – e desenvolvem seus próprios serviços de compartilhamento de “scooters”. A Lyft também reformulou seu aplicativo para destacar seu serviço de carona, bem como de transporte público.
A convicção por trás dessas medidas é a de que o futuro das empresas de serviços de corridas vai depender de elas se tornarem fornecedoras mais generalizadas de transporte. A fixação do ano passado em veículos sem motorista foi substituída – pelo menos no curto prazo – pelo entusiasmo por formas de transporte com tecnologia mais simples.
Zimmer descreveu o programa, batizado de “Abandone Seu Carro”, como uma forma de deixar as pessoas à vontade com as alternativas a ter seu próprio automóvel. “Temos de oferecer um serviço confiável capaz de competir com a ideia de que o seu carro está estacionado na porta de sua casa, o que é extremamente prático”, disse.
A Lyft ampliou sua participação de mercado para 29%, frente aos 16% do começo do ano passado, de acordo com a Second Measure, empresa que analisa históricos de cartões de crédito. A Lyft informou, em junho, que havia captado US$ 600 milhões em recursos novos.
Recentemente, a Bloomberg publicou que a empresa havia iniciado os preparativos para abrir o capital em 2019.
Para Zimmer, os avanços na atividade principal dão à empresa a liberdade de expandir seu raio de ação. “Estamos finalmente em um ponto de estabilidade que nos permite aumentar significativamente esses esforços”, disse.
Ao mesmo tempo, a economia dos serviços de corridas – que será o grosso das operações do Uber e da Lyft no futuro previsível – é desestimulante. Nenhuma das empresas é lucrativa, e a perda de motoristas e os custos de adquirir novos passageiros são altos.
Os serviços de compartilhamento de bicicletas e “scooters” oferecem uma maneira de contatar novos clientes. Como são mais baratos e não exigem motorista com quem rachar a tarifa, esses veículos proporcionam margens maiores.
Talvez o mais importante, no entanto, é que uma plataforma com várias alternativas de transporte tenha maior probabilidade de virar uma alternativa viável à propriedade privada de veículos, que é uma maneira prática, mas onerosa, de as pessoas se deslocarem. O custo médio de possuir um automóvel e dirigi-lo 24 mil quilômetros por ano é de cerca de US$ 8,5 mil, de acordo o Automóvel Clube Americano.
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