Vender conteúdo próprio é a nova estratégia do Google

O motor de busca do Google virou seu melhor negócio. Antes do Google Inc. abrir o capital há 10 anos, Larry Page, um de seus fundadores, disse que queria que os usuários “saíssem do Google direto para o lugar certo o mais rápido possível”.

Hoje, o Google faz com frequência o contrário: fornece o maior volume de informação possível para manter o usuário no universo virtual da empresa, como mostrou matéria do The Wall Street Journal, assinada por Rolfe Winkler, publicada no Valor Econômico de 19/08, pg. B11.

Antes, a busca por um hotel no Google levava a 10 links para agências de viagem e operadores de hotéis. Agora, a busca mostra resenhas, fotos e a possibilidade de reservar um quarto na primeira página de resultados do Google. Procurando por um restaurante italiano perto da Times Square? O Google mostra horários, como chegar até lá e números de telefones com os quais o usuário pode ligar com um toque no smartphone. Procurando por seguro de carro no Reino Unido? O Google apresenta uma comparação das apólices disponíveis.

Esses resultados revelam como o maior mecanismo de busca do mundo está transformando seu principal negócio e a noção básica de busca. Hoje, a empresa da Califórnia é menos uma lista de sites na web e mais um destino, oferecendo comércio e conteúdo dentro de um leque crescente de serviços.

Essa transição promete ser complicada para a empresa e para milhões de outras que dependem dos seus resultados da busca para sobreviver. Anunciantes pagarão mais de US$ 50 bilhões para o gigante de buscas este ano por cliques que levam potenciais clientes aos seus websites. Ao oferecer sua própria lista de hotéis, por exemplo, o Google pode alienar anunciantes como agências de viagens online que pagam bilhões por ano à empresa.

Essas companhias temem que as mudanças do Google reduzam o número de reservas de onde elas tiram suas comissões. “Todo o valor adicionado está indo para o Google e tudo mais está se tornando uma commodity”, diz um ex-executivo de uma agência de viagem online.

A imagem do Google perante seus usuários está em jogo, como o mais efetivo e neutro índice de informação mundial. O Google se tornou o principal mecanismo de buscas porque direcionava de forma mais confiável o usuário diretamente para a informação procurada. Hoje, é a terceira companhia mais valiosa dos Estados Unidos, atrás da Apple Inc. e da Exxon Mobil Corp. Se, com o tempo, o Google passar a ser visto como um beneficiador de seu próprio conteúdo, não como um motor de buscas imparcial, o comportamento do usuário pode mudar.

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