Surpresa: ONU diz que China faz “mais pelo clima” do que EUA e Europa

O julgamento foi bem forte. A costarriquenha Christiana Figueres, a mais alta autoridade das Nações Unidas nas negociações sobre mudança do clima, afirmou que a China é o país que mais está fazendo esforços no combate ao aquecimento global em comparação com EUA e União Europeia.
“Entre EUA e União Europeia, quem está fazendo mais sacrifícios e está contribuindo mais é a China”, disse ela em entrevista a um pequeno grupo de jornalistas em Lima, durante a conferência climática conhecida por CoP-20, como mostrou material do Valor Econômico, na edição de 10/12, pg A14.
Christiana diz que a China, além de ter prometido chegar ao pico de suas emissões em no máximo 2030, fará o mesmo com as emissões de carvão até 2020. “Numa economia deste tamanho, tão dependente de carvão, isto é algo extraordinário.” Ela discorda que o compromisso chinês seja vago e diz que o país prepara há dois anos uma quantificação das suas emissões.
Figueres chefia a secretaria executiva da convenção sobre mudança do clima da ONU (UNFCCC) desde 2010, após a fracassada conferência de Copenhague. Ela vem de um país com tradição em proteger suas florestas, dar valor à biodiversidade e ganhar dinheiro com ecoturismo, e de uma família de tradição política. Seu pai, José Figueres Ferrer, foi três vezes presidente, restaurou a democracia, dissolveu o Exército e passou as verbas militares à educação. Seu irmão, José Maria Figueres, é autor de uma lei que fez com que a cobertura vegetal do país saltasse de 20% para 50% em pouco tempo e de um sistema de pagamento por serviços ambientais que remunera quem preserva com recursos arrecadados com a taxação de combustíveis.
Figueres faz um alerta aos governos para que incorporem a mudança do clima em seu planejamento e nas obras de infraestrutura. Diz que não faz sentido investir sem colocar a vertente climática nas avaliações de risco e que os jovens, com o poder de mudar o padrão de consumo, podem aliviar a mudança do clima no futuro.
Quando perguntada se os países estão incluindo a mudança do clima no planejamento, Christiana respondeu que “uma coisa é o enfoque político, e outra, a realidade de cada país. Pelo aspecto político, é muito compreensível que os países em desenvolvimento digam que estão sofrendo os efeitos nocivos da mudança do clima e que estão tendo de assumir os custos das atividades de adaptação por culpa do que foi causado pelos outros, e que reivindiquem que sejam ajudados com isso. Essa posição é compreensível e se justifica. Ninguém questiona que existe a responsabilidade histórica por parte dos países industrializados. Os países em desenvolvimento dizem: “Bem, se vocês não tivessem causado o problema, eu não teria esse custo adicional”. Mas ao lado disso está a realidade de cada país”.

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