As vendas totais do Mercado Livre (GMV, da sigla em inglês) subiram 21,9% no Brasil no quarto trimestre de 2022 frente ao ano anterior. A soma inclui transações com produtos de lojistas em sua plataforma e tem sido foco de atenção do mercado desde que a venda no varejo on-line passou a cair no país.
Em valores, a empresa publicou GMV de US$ 9,6 bilhões na América Latina no trimestre. Como o Brasil responde por cerca de 45% do GMV total, apurou o Valor, a soma teria alcançando de R$ 23 bilhões a R$ 25 bilhões (com base no dólar médio do período) no Brasil.
A receita líquida, que difere do GMV pois considera montantes da empresa com suas vendas e outros ganhos, subiu 28% (em reais).
Os números mostram taxa de expansão na média no GMV de pouco mais de 20% por trimestre de 2022 (no acumulado de janeiro a dezembro, alcançou 21%).
Apesar desse ritmo abaixo do verificado em anos anteriores à pandemia, o comando da empresa disse ontem que o avanço de outubro a dezembro de 2022 deve ser analisado dentro do contexto de piora do ambiente de consumo, e de crescimento do grupo acima do mercado. Os números do quarto trimestre de Magazine Luiza e Via ainda não foram publicados.
Competição muda
A empresa cita em seu material de resultados que está operando “num cenário competitivo de rápida mudança no país” no curto prazo . Sobre o assunto, André Chaves, vice-presidente sênior e executivo de relações com investidores, diz que o cenário “macro” continuou pressionado no ano passado, com restrições em consumo, crédito mais escasso e inadimplência mais elevada no setor. Ele afirma que os atrasos em pagamentos se normalizaram após enxugamento na oferta de crédito em 2022.
“Para nós, o ponto chave é que, apesar desse quadro, crescemos em GMV e em receita acima do mercado, ou seja, ganhamos ‘share’, e com maior rentabilidade no Brasil no quarto trimestre”, disse.
A respeito da crise na Americanas, a companhia não comenta situação de competidores, mas vê oportunidades. “Posso dizer que temos trabalhado numa expansão da venda de produtos 1P [sigla em inglês para mercadorias próprias, vendidas de seu estoque], e que isso sempre foi algo com força maior nos itens eletrônicos, e se o mercado abrir um espaço de crescimento nessa área, vamos explorar isso”, disse. A venda do braço itens próprios na empresa no país varia de 3% a5%doGMV.
Na América Latina, onde atua, a companhia teve lucro líquido de US$ 164,7 milhões de outubro a dezembro (30% acima das projeções da a Refinitiv, da agência “Reuters”), após prejuízo de US$ 46,1 milhões um ano antes. A empresa vem crescendo mais em receita do que na quantidade de itens adquiridos por clientes, que ficou estável no quarto trimestre.