Japão anunciou ontem que começará a liberar no oceano Pacífico, a partir de amanhã, mais de 1 milhão de toneladas de água radioativa tratada da destruída usina nuclear de Fukushima, seguindo em frente com um plano fortemente criticado pela China.
O plano, aprovado há dois anos pelo governo japonês como crucial para a desativação da usina operada pela Tokyo Electric Power Company (Tepco), também enfrentou críticas de grupos de pescadores locais, temendo danos à reputação e subsistência. “Espero que a liberação de água comece em 24 de agosto, se as condições climáticas permitirem”, disse o premiê japonês, Fumio Kishida.
A usina de Fukushima foi desativada em 2011, depois que um tsunami causado por um terremoto atingiu seus reatores. Desde então, uma grande quantidade de água, usada para resfriamento da central, está armazenada na usina.
O anúncio de liberação da água ocorreu um dia depois de o governo dizer que obteve “um certo grau de compreensão” do setor pesqueiro, mesmo com grupos de pescadores dizendo que ainda temem que os danos à reputação arruinem seu sustento. A água será lançada inicialmente em porções menores e com verificações extras, com a primeira vazão totalizando 7,8 mil metros cúbicos em cerca de 17 dias, disse a Tepco.
A água a ser despejada conterá cerca de 190 becquerels de trítio (TBq) por litro, abaixo do limite de água potável da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 10 mil TBq por litro, de acordo com a Tepco. O becquerel é uma unidade de radioatividade.
O Japão disse que a liberação de água é segura. A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o órgão regulador da ONU, deu sinal verde ao plano em julho, dizendo que atendia aos padrões internacionais e o impacto que teria sobre as pessoas e o meio ambiente era “insignificante”.
Apesar das garantias, alguns países vizinhos também expressaram ceticismo sobre a segurança do plano. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China Wang Wenbin chamou a medida de “extremamente egoísta”.
Ele disse que a China está profundamente preocupada com a decisão e apresentou uma queixa formal. Wang disse que a China “tomará todas as medidas necessárias para proteger o ambiente marinho, a segurança alimentar e a saúde pública”, mas não mencionou nenhuma medida específica.