Seria a (des)União Europeia?

Beatriz Garagnani, Julia Ciriaco, Karina Napoli, Marcela Bonafé e Taís Haupt, alunas do Curso de Jonalismo da ESPM/SP

A malária voltou a assombrar a Grécia. Os italianos estão abrindo mão do romantismo. Espanha e Irlanda enfrentam uma bolha imobiliária. As indústrias portuguesas estão estagnadas. E uma onda de desemprego, a alta de impostos e os cortes de investimentos públicos atingem a todos eles – um reflexo as políticas de austeridade aplicadas pelos governos. O continente europeu está evidentemente desestabilizado. Mas quando foi que eles perderam o controle?

Com o fim da Segunda Guerra Mundial a Europa ficou destruída. Mesmo com a paz, o futuro não parecia nada animador: as economias europeias estavam esgotadas depois dos investimentos no conflito. A saída era voltar ao mercado internacional – os vizinhos, se não estavam na mesma situação, estavam piores e os EUA despontavam como potência.

Resultado de mudanças e longas negociações iniciadas em 1944, surge, em 1960, a União Europeia, bloco criado para fortalecer economicamente o continente europeu e acalmar os ânimos vingativos que pairavam por lá. A UE rapidamente conquistou notoriedade e peso internacional, até transformar o Euro na moeda forte e de razoável estabilidade internacional que é hoje.

Contudo, a economia de alguns países como a Alemanha e o Reino Unido é, mais próspera do que a de outros países do bloco. Isso se deu por uma série de fatores, dentre eles, a exportação. A longo prazo, quem exporta tecnologia, como os alemães, tende a ser mais rico já que a competição é menor e a demanda, maior.

Enquanto isso, os gregos, por exemplo, exportam bens mais competitivos, como o iogurte. A diferença no valor agregado é evidente. Desta forma, um sanduíche que custa três euros na França e em Portugal não tem o mesmo valor nos dois países – porque a quantidade de riqueza em cada economia é diferente.

A UE parecia ter encontrado a receita para um futuro próspero. Porém, um acordo que mexe com a tantos países simultaneamente tem seus riscos. Com a tentativa de equilíbrio entre o bloco, as economias foram niveladas para cima. Ou seja, os países mais fortes “injetaram dinheiro” na economia dos mais fracos como um pontapé inicial. Mas eles não conseguiram acompanhar o ritmo por muito tempo e acabaram voltando a um quadro econômico inferior.

A alternativa para nações que estavam enfrentando problemas foi pedir empréstimos ao Banco Central Europeu e ao FMI. Isso deveria aumentar o dinamismo econômico e possibilitar investimentos internos para que a situação melhorasse. No entanto, a má gestão do dinheiro emprestado não ajudou os países a se recuperarem e elevou as dívidas.

O destaque é a Grécia, que, por sinal, piorou sua situação ao sediar as Olimpíadas de 2004. Hoje, o país, conhecido por sua corrupção, acumula mais de 320 bilhões de euros em dívidas e já recebeu 269,1 bilhões de euros em empréstimos.

Os outros países enfraquecidos estão conseguindo se reerguer, mas a crise da Grécia acabou afetando o resto da Europa. Com isso, os países começaram a ir contra a política de não salvamento, estabelecida pelo Tratado de Maastricht. Ou seja, a UE passou a buscar, sim, formas de aplacar a instabilidade do membro.

A saída grega da zona do euro implicaria certa derrota política e um enfraquecimento da tão prezada imagem de Europa unida. Além disso, causaria desconfiança em qualquer investidor quanto a emprestar dinheiro a países em crise. As consequências disso poderiam ser graves em escala mundial. Afinal, quem quer ficar em um país com um futuro desesperançoso?

Comentários estão desabilitados para essa publicação