Empresas avaliam tirar produção da China por guerra comercial

Com o início da temporada de balanços das empresas, os analistas buscam indicações dos executivos sobre como a escalada na guerra comercial entre os EUA e a China está afetando os negócios. Um tema comum é que eles têm indicado que estão prontos para transferir suas cadeias de produção se o custo de importação de produtos chineses se tornar proibitivo.
Em setembro, o presidente dos EUA, Donald Trump, impôs uma tarifa de 10% sobre US$ 200 bilhões em importações chinesas – na sequência de uma rodada anterior que atingiu US$ 50 bilhões – e promete elevar essa tarifa para 25% em janeiro. Ele também ameaça taxar todos os produtos importados da China – que somam em torno de US$ 531 bilhões, segundo dados do Departamento do Comércio.

Avery Dennison Corp – “Se houver uma ampla tarifa sobre vestuário, acho que poderemos ver uma aceleração da migração da China para outras regiões para o fornecimento de vestuário”, disse Mitch Butier, diretor executivo da companhia da Califórnia, durante teleconferência com analistas sobre os resultados em 23 de outubro.

Canadian National Railway – “Na manufatura leve especialmente, as fábricas podem ser transferidas muito rapidamente. Várias delas já saíram da China”, disse Jean-Jacques Ruest, CEO da companhia ferroviária canadense, em 23 de outubro. “Elas [as fábricas] estão indo para o Vietnã. Estão indo para Bangladesh. Estão indo para a Indonésia. E o produto ainda está sendo produzido”, acrescentou. “Então, no geral, estamos muito otimistas sobre o comércio da Ásia – da Ásia para a América do Norte em 2019 – mas [esse comércio] pode vir de países diferentes ou de diferentes portos de origem.”

Philips -“Temos várias ferramentas para reduzir o impacto”, disse Frans van Houten, CEO da empresa de tecnologia de iluminação e saúde holandesa, em 22 de outubro. “Um é reorganizando nossa cadeia de suprimentos. É claro que talvez seja o mais fácil porque temos fábricas nos EUA, na Europa e na Ásia: cerca de um terço, um terço, um terço”, disse. “Já estamos no caminho para criar as chamadas fábricas multi-modalidades onde podemos fabricar material de outras unidades de negócios. E já estávamos antecipando que precisaríamos ter representação regional em um mundo que está mais polarizado”, disse Van Houten. “Então, de fato, você poderia dizer que mentalmente estávamos preparados para isso. Agora, leva algum tempo para realizar, trazer alguma produção dos EUA para a China e vice-versa.”

Logitech International – “Uma das principais capacidades da Logitech, do ponto de vista da cadeia de fornecimento, sempre foi a capacidade de mover nossa produção para dentro e fora de nossa própria fábrica”, disse Bracken Darrell, CEO da fabricante suíça de dispositivos de entrada para PCs, em 23 de outubro. “Quando e se precisamos mudar uma linha de produtos – neste caso, fora da China – somos mais do que capazes de fazer isso”, disse Darrell. “Nós temos pessoal para fazer isso e temos muita experiência. Na verdade, fazemos isso o tempo todo.”

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