O secretário do Tesouro do Reino Unido, Philip Hammond, iniciou o processo de busca por um novo presidente do Banco da Inglaterra (BoE), para suceder Mark Carney. Um anúncio para o cargo de presidente do BoE foi publicado pelo governo britânico, com um salário anual de 480 mil libras (US$ 620 mil), o mesmo quando Carney foi nomeado em 2013, embora o canadense também recebesse um subsídio de moradia de cerca de 250 mil libras por ano.
Hammond enfatizou sua preferência por um sucessor internacionalmente
respeitado para Carney, que se demitirá do banco central em fevereiro. “É
muito importante ter alguém, não apenas que possa fazer um trabalho de primeira classe em casa, mas que tenha respeito na arena internacional”, disse o secretário, em audiência no Comitê do Tesouro da Câmara dos Comuns.
O novo presidente do BoE deve assumir o controle em um momento em que as taxas de juros estão próximas de zero e uma enorme incerteza paira sobre o Reino Unido por causa da saída do país da União Europeia (Brexit).
A economia tem apresentado sinais mistos, com o emprego recorde compensado pelo lento crescimento da produção e fraco desempenho da produtividade. O quadro contraditório significa que as questões em torno da direção futura das taxas de juros provavelmente serão difíceis.
O anúncio para o cargo de presidente do BoE exige que os potenciais candidatos tenham “experiência substancial de trabalho no nível mais alto de um grande banco ou de outra instituição financeira, além de trabalho ou envolvimento com bancos centrais”.
Andrew Bailey, chefe da Autoridade de Conduta Financeira (FCA), é visto como o candidato mais qualificado do setor público britânico, embora os vice-governadores do BoE, Ben Broadbent e Jon Cunliffe, devam se interessar pelo papel.
Outros candidatos possíveis no Reino Unido incluem Shriti Vadera, que preside o Santander UK e recentemente ajudou a coordenar a resposta da City londrina ao Brexit. Minouche Shafik, diretora da London School of Economics, também seria uma candidata bem qualificada, tendo atuado anteriormente como vice-governadora do BoE.
Potenciais candidatos internacionais incluem Raghuram Rajan, professor de economia da Universidade de Chicago, que presidiu o banco central da Índia e é ex-economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI). Ele disse que tem um bom emprego na academia, mas não descartou a possibilidade de assumir o papel no BoE.
Entre candidatos menos cotados estão Andy Haldane, economista-chefe do BoE, e Sharon White, executiva-chefe da Ofcom, que anteriormente era uma autoridade sênior do Tesouro.
Hammond disse que espera nomear alguém que tenha um mandato de oito anos como presidente do BoE, mas está disposto a abrir uma exceção para um “candidato excelente”. “Minha preferência seria de um mandato de oito anos”, acrescentou. “Estabilidade tem um valor.”
Carney, que era presidente do banco central do Canadá, foi nomeado por oito anos, mas disse que serviria apenas cinco anos. Depois, Carney estendeu duas vezes o mandato, criando um grau de incerteza sobre a posição. Autoridades do Tesouro foram claras de que não havia chance de Carney estender seu mandato novamente.
O processo de contratação será supervisionado por uma empresa de recrutamento de executivos pela primeira vez, para garantir que todas as opções sejam exploradas e que o governo tenha considerado as questões de diversidade.
O Tesouro contratou a Sapphire Partners, cujos headhunters ajudaram a contratar dois membros externos do Comitê de Política Financeira do BoE no ano passado.
Candidatos à presidência do BoE têm seis semanas para se candidatar, com entrevistas agendadas para o verão (no hemisfério norte). A decisão será anunciada no outono, para dar ao escolhido tempo suficiente antes de iniciar o trabalho, no início de fevereiro.
No entanto, o anúncio no outono significa que as prioridades para o trabalho podem mudar se a primeira-ministra britânica, Theresa May, não estiver mais no cargo: um novo premiê e secretário do Tesouro podem ter um tipo muito diferente de candidato em mente. Segundo fontes, o candidato preferido de May atualmente é Cunliffe.
Como a nomeação é da coroa, o presidente do BoE é formalmente escolhido pela rainha da Inglaterra, mas o painel de recrutamento incluirá Tom Scholar, secretário permanente para o Tesouro; Charles Roxburgh, segundo secretário permanente; Brad Fried, presidente do conselho de administração do BoE; e Kate Barker, ex-membro externo do Comitê de Política Monetária do banco central.
