Questão da retirada de tarifa deve adiar acordo EUA-China

Um encontro entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e o presidente da China, Xi Jinping, para a assinatura de um aguardado acordo comercial temporário poderá ser adiado para dezembro, uma vez que seguem as discussões sobre os termos do acordo e o local do encontro. A informação foi dada ontem à Reuters por uma autoridade do governo americano.
A autoridade, que falou sob a condição de permanecer no anonimato, disse que ainda é possível que a “fase um” do acordo, que visa encerrar a guerra comercial, não seja firmada. Mas ele acrescentou que um acordo ainda é mais provável do que improvável.
Dezenas de locais já foram sugeridos para o encontro, que originalmente ocorreria à margem da cancelada reunião de cúpula dos países da Ásia-Pacífico no Chile, segundo informou a autoridade.
Uma possibilidade seria Londres, onde os dois líderes poderiam se encontrar após reunião da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan, a aliança militar do Ocidente), da qual Trump deverá participar em 3 e 4 de dezembro. “Isso está sendo considerado, mas ainda não há nada decidido”, afirmou a fonte.
O mais recente esforço da China para reverter as sobretaxas americanas será discutido, mas isso não deverá atrapalhar o andamento de um acordo temporário.
A autoridade disse acreditar que a China vê um acordo rápido como a melhor chance para obter termos favoráveis, dada a pressão que Trump vem sofrendo do processo de impeachment no Congresso.
Ontem, os preços dos títulos do Tesouro dos EUA subiram por causa de informações de que as discussões poderiam ser adiadas.
“As negociações continuam e avanços estão sendo feitos no texto da fase um do acordo”, disse Judd Deere, porta-voz da Casa Branca. “Informaremos vocês quanto tivermos o anúncio do local da assinatura.” A embaixada da China em Washington não respondeu aos pedidos de comentário.
Um acordo provisório entre a China e os EUA deverá incluir uma promessa do governo Trump de eliminar as tarifas previstas para entrar em vigor em 15 de dezembro sobre US$ 156 bilhões em importações chinesas, incluindo celulares, laptops e brinquedos.
Fontes a par das discussões disseram nesta semana que Pequim vem pressionando Trump para que ele remova as tarifas impostas em setembro como parte da “fase um”. Uma autoridade americana disse que as tarifas de 15 de dezembro estão sendo considerado como parte das negociações.
Uma fonte informada sobre as discussões disse à Reuters, na terça-feira, que os negociadores chineses querem que Washington retire as tarifas de 15% sobre US$ 125 bilhões em produtos chineses, que entraram em vigor em 1o de setembro. Eles também buscam um alívio nas tarifas de 25% sobre cerca de US$ 250 bilhões em importações que vão de máquinas e semicondutores a móveis.
Uma fonte a par da posição da China nas negociações, disse que ela continua pressionando Washington para a “remoção de todas as tarifas o quanto antes”.
Desde que Trump assumiu a Presidência em 2017, seu governo vem pressionando a China para que ela corte os enormes subsídios concedidos às suas estatais e acabe com a transferência forçada de tecnologia americana para as empresas chinesas.
Analistas afirmam que a “fase um” do acordo não conseguirá resolver adequadamente essas questões, pois se concentra basicamente nas aquisições chinesas de produtos agrícolas americanos e a proteção à propriedade intelectual relacionada a questões de direitos autorais e marcas registradas. Nessa fase, o acordo não abordará os subsídios industriais.

https://valor.globo.com/mundo/noticia/2019/11/07/questao-da-retirada-de-tarifa-deve-adiar-acordo-eua-china.ghtml

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