Otan diz que instalação de novos mísseis dos EUA na Europa é improvável

A maior autoridade da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) culpou a Rússia nesta quarta-feira por violar um pacto de armas nucleares histórico do qual Washington está cogitando se desligar, mas disse não acreditar que a ameaça russa levará à instalação de novos mísseis dos EUA na Europa.
Os aliados da Otan devem se reunir na quinta-feira para ouvir os Estados Unidos explicarem o raciocínio por trás da intenção do presidente Donald Trump de romper com o Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF) de 1987, que livrou a Europa de mísseis nucleares terrestres.
Aliados europeus veem o INF como um pilar do controle de armas e, embora reconhecendo que Moscou o viola ao desenvolver armas novas, receiam que seu fracasso provoque uma nova corrida armamentista, possivelmente com uma nova geração de mísseis nucleares norte-americanos instalados no continente.
Em seus primeiros comentários desde que os EUA anunciaram, no sábado, que pretendem se retirar do INF, o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, culpou a Rússia por violar o tratado ao desenvolver o SSC-8, um míssil terrestre de cruzeiro de alcance intermediário que também é chamado de Novator 9M729.
Mas ele disse não acreditar que isso leve a uma instalação recíproca de mísseis dos EUA na Europa, como aconteceu nos anos 1980.
“Avaliaremos as implicações do novo míssil russo para os aliados da Otan, para nossa segurança… mas não prevejo que os aliados instalem mais armas nucleares na Europa em reação ao novo míssil russo”, disse Stoltenberg em uma coletiva de imprensa.
Ele se manifestou um dia depois de John Bolton, autoridade de alto escalão de Washington, informar o presidente russo, Vladimir Putin, dos planos em Moscou.
O INF, negociado pelo então presidente Ronald Reagan e o líder soviético Mikhail Gorbachev e ratificado pelo Senado norte-americano, eliminou os arsenais de mísseis de alcance intermediário das duas maiores potências nucleares do mundo e reduziu sua capacidade de lançar um ataque nuclear sem muito aviso prévio.
https://br.reuters.com/article/worldNews/idBRKCN1MY2MS-OBRWD

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