Huawei quer reduzir supremacia dos EUA na inteligência artificial

A Huawei anunciou dois novos chips de processamento cujo objetivo é acionar aplicativos de inteligência artificial, o que marca o primeiro grande esforço da gigante chinesa das telecomunicações em uma tecnologia de ponta dominada pelos grandes produtores de chips dos Estados Unidos.
A linha Ascend de semicondutores lançada pela Huawei inclui um chip para ser instalado em servidores, onde executará tarefas complexas de inteligência artificial tais como a programação de algoritmos, e um segundo chip para funções mais rotineiras em smartphones e outros aparelhos.
​Com seus chips de inteligência artificial, a Huawei, maior fabricante mundial de equipamento de telecomunicações e grande produtora de smartphones, está desafiando empresas americanas como a Nvidia, Intel e Qualcomm.
Os novos componentes se alinham a esforços mais amplos da China para reduzir sua dependência com relação a tecnologias avançadas criadas nos Estados Unidos, e para desenvolver produtos similares nacionalmente.
Sob o plano de desenvolvimento Made in China 2025, adotado por Pequim, os semicondutores e a inteligência artificial emergiram como áreas chaves cujo avanço as autoridades desejam promover no país.
“O poder de processamento é a fundação da inteligência artificial”, disse Eric Xu, presidente do conselho da Huawei. “Precisamos oferecer poder de computação mais abundante e a preço mais acessível.”
Outras empresas chinesas também estão despejando recursos no desenvolvimento de chips de inteligência artificial, que tipicamente incorporam designs únicos, otimizados para o processamento simultâneo de grande quantidade de dados.
Recentemente, a Alibaba Holdings, gigante chinesa do comércio eletrônico, anunciou planos para o lançamento de um chip de inteligência artificial no ano que vem, e startups chinesas como a Bitmain Tecnologies e a Cambricon Technologies também estão trabalhando no desenvolvimento desse tipo de componente.
A Huawei já fabrica um chip de inteligência artificial para seus smartphones, sob a marca Kirin.
A empresa deve encontrar interesse pelos seus novos componentes em seu mercado de origem, a China, mas enfrentará desafios para superar rivais estabelecidos, em outras partes do planeta, disse Mo Jia, analista da consultoria de tecnologia Canalis.
“A Huawei provavelmente adotará uma estratégia de preço de entrada mais baixo, como a que adota em seus negócios de infraestrutura ou servidores”, para ingressar no mercado, disse Jia. “No futuro, creio que o mercado de inteligência artificial da Huawei será principalmente o mercado da China.”
No momento, o mercado para chips poderosos capazes de computar processos avançados de inteligência artificial, como os de aprendizado profundo, é dominado por companhias americanas como a Nvidia, sediada em Santa Clara, na Califórnia.
O Google também oferece um chip semelhante, definido como “unidade de processamento tensor”, enquanto companhias como a Qualcomm produzem chips de inteligência artificial integrados a aparelhos.
No entanto, diferentemente desses produtores, a Huawei não venderá os chips diretamente aos clientes, disse Xu.
Em lugar disso, os chips serão vendidos aos clientes da empresa como parte de seus servidores, módulos e das operações de computação em nuvem da Huawei, ele disse.
O esforço no campo da inteligência artificial se segue ao sucesso da Huawei em suas operações de telefonia móvel, um mercado em queeste ano ela ultrapassou a Apple e se tornou a segunda maior vendedora mundial de smartphones, atrás da Samsung.
Ao mesmo tempo, em 2018 a Huawei está enfrentando escrutínio intensificado da parte das autoridades dos Estados Unidos, onde as vendas de seus equipamentos para telecomunicações foram proibidas devido a preocupações de segurança.
Temoes semelhantes levaram a Austrália a excluir a Huawei das empresas envolvidas no lançamento da telefonia móvel de quinta geração no país, e as autoridades do Japão estão estudando medida semelhante.
A Huawei sustenta há muito tempo que não representa ameaça de segurança, que os controladores acionários da companhia são seus empregados, e que opera independentemente de Pequim.

https://www1.folha.uol.com.br/tec/2018/11/huawei-quer-reduzir-supremacia-dos-eua-na-inteligencia-artificial.shtml

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