Da produção de tecnologia ao showbusiness: as fronteiras da Apple

Depois de tudo – dos bilhões gastos, dos acordos com o Big Bird (Sesame Street), Oprah e Steven Spielberg, a demissão de um produtor fundamental, o sigilo – chegou o momento. A Apple está pronta para brigar com Netflix, Amazon e Disney na indústria do entretenimento cada vez mais repleta de atores.
A gigante da tecnologia fez o seu ingresso formal no showbusiness no dia 28 de outubro com uma estreia, sem limite de gastos, no Lincoln Center, em Nova York, de The Morning Show, uma série ambientada no universo da televisão com estrelas do calibre de Reese Witherspoon e Jennifer Aniston. Com a Apple TV Plus, ao vivo no dia 1º de novembro, a gigante do Vale do Silício mudou o seu foco  para a produção de conteúdo em lugar de criar apenas produtos tecnológicos. O serviço de streaming custa US$ 5 ao mês ou será gratuito durante um ano na compra de um novo dispositivo da Apple.
Dirigida pelos veteranos executivos de Hollywood Zack Van Amburg e Jamie Erlicht, a Apple TV Plus convidou Oprah Winfrey, J.J. Abrams,  M. Night Shyamalan e Spielberg entre outros.
Em grande parte, isto é decorrência do sucesso de The Morning Show, que ancora a primeira série de programas de streaming e de filmes da companhia. A Apple pagou cerca de US$ 240 milhões por um acordo de duas temporadas, com 20 episódios. As primeiras críticas que chegaram à internet foram discordantes.
Além desta, outras séries da Apple incluem Dickinson, estrelada por Hailee Steinfeld no papel da poetisa Emily Dickinson; See, um épico fantástico interpretado por Jason Momoa que se passa em um futuro em que todos ficaram cegos; e um drama no espaço, For All Mankind, criado com a colaboração de Ronald D. Moore. A Apple tem também programas de streaming para crianças, como uma nova versão animada de Peanuts (Minduim).

‘Estilo Hollywood’
A companhia optou por assumir o estilo Hollywood por uma razão. Com a queda das vendas de iPhones, a multinacional buscou outras maneiras de gerar receita. Lançou inclusive um cartão de crédito e um serviço de videogames por assinatura.
A Apple entra no  negócio do entretenimento em um momento em que as concorrentes da área de tecnologia, como Netflix, Amazon e Hulu, desfrutam de uma considerável vantagem na criação de produtos de streaming originais. Além disso, ela enfrentará uma forte concorrência da Walt Disney Company, da unidade Warner Media da AT&T e da NBCUniversal. A Disney Plus, que oferece dezenas de anos de filmes e programas, foi lançada no dia 12 de novembro. O serviço de streaming Peacock da NBCUniversal e a HBO Max da AT&T estarão prontas no próximo ano.
Ao contrário das concorrentes, a Apple não terá o luxo de poder explorar uma ampla biblioteca de programações. Mas os clientes da marca poderão usar o aplicativo Apple TV para clicar em um episódio de Succession, da HBO, ou selecionar entre Showtime ou Hulu, se forem assinantes destes serviços.
“Nós sempre nos preocupamos com os originais e com a nossa possibilidade de ajudar o cliente a descobrir o outro produto da biblioteca que existe no mundo e existe em todos estes outros espaços de maneira desagregada”, explicou Van Amburg.

Lançamentos semanais
A Apple não se comprometeu com o modelo de assistir a um programa atrás do outro. Seus dramas em geral pularão alguns episódios antes de adotar um horário semanal. Os executivos do entretenimento da companhia sugeriram que lançamentos semanais criam um burburinho consistente ao contrário das séries da Netflix.
The Morning Show é de enorme importância para a Apple. Três dias depois de conseguir o emprego em 2017, Erlicht disse que se deu conta do tom certo. “Nós soubemos imediatamente que era o que queríamos”, afirmou.
Seguiu-se uma dura batalha com diversos candidatos, como Netflix e Showtime. Pouco depois de apresentar o roteiro, o criador de The Morning Show, Jay Carson, foi demitido. “A negociação não foi fácil”, continuou Erlicht no palco do Lincoln Center. “Na realidade, não direi que o programa foi o que eu definiria como fácil. Mas os grandes nunca são.” 

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