Parlamento dá primeiro passo para bloquear brexit sem acordo

O Parlamento britânico aprovou nesta terça-feira (3) uma medida que abre caminho para impedir que o primeiro-ministro, Boris Johnson, retire o Reino Unido da União Europeia sem um acordo aprovado pelo Legislativo.
Os parlamentares voltaram do recesso de verão nesta terça (3) e aprovaram a medida por 328 votos a 301, o que permitirá que o grupo passe a definir a agenda parlamentar a partir de quarta (4).
Na prática, isso significa que o próprio Parlamento, e não o Executivo, definirá os temas a serem votados.
Na sequência, os legisladores pretendem votar uma medida que obrigaria o premiê a pedir uma extensão do prazo da saída do bloco caso um acordo não seja aprovado até a data prevista, 31 de outubro. Nesse cenário, a novo prazo para o divórcio seria 31 de janeiro de 2020.  ​
Se os parlamentares conseguirem, nos próximos dias, impedir a saída litigiosa, o primeiro-ministro pode tentar convocar novas eleições gerais, provavelmente para 14 de outubro.
Mais cedo nesta terça, Boris se opôs à medida proposta pelo Parlamento e afirmou que sua aprovação significaria que o Legislativo não confia em seu governo —portanto, novas eleições seriam necessárias.
Os movimentos do Parlamento são uma resposta ao fato de o premiê ter pedido a suspensão das atividades parlamentares por cinco semanas a partir da próxima semana, medida que visa garantir a saída do Reino Unido do bloco mesmo sem um documento que regule as relações entre as partes.
O resultado desta terça foi possível devido a uma aliança de partidos da oposição com rebeldes da legenda de Boris, que apresentaram o pedido de votação da medida em regime de urgência. Vinte e um conservadores votaram junto à oposição.
Desde o ano passado, governo e Parlamento não conseguem concordar com um plano para o brexit, gerando uma crise política, a renúncia da primeira-ministra Theresa May e a indefinição quanto à saída do bloco. 
Boris vem repetindo que o Reino Unido dará adeus para a União Europeia em 31 de outubro, custe o que custar.
O problema para Boris é que a maior parte do Legislativo é contra essa opção e prefere adiar a saída caso não exista um entendimento entre as partes. Uma partida sem regras pode trazer efeitos perversos para a economia britânica, dentre as quais falta de comida, remédios e combustível.
A saída do Reino Unido da UE foi aprovada em um plebiscito em 2016, com 52% dos votos.

https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2019/09/apos-ameaca-de-eleicao-parlamentares-britanicos-iniciam-luta-contra-brexit-sem-acordo.shtml

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