Novo perfil de fãs de games atrai marcas

Quem caminhar pelos corredores da feira de jogos eletrônicos Brasil Game Show (BGS) verá por todos os lados, como era de se esperar, nomes tradicionais do mercado como PlayStation, Xbox, Nintendo e Activision. Mas também se surpreenderá ao se deparar com estandes e logos de marcas que, à primeira vista, nada têm a ver com o universo de games, como as fabricantes de alimentos Fini e Santa Helena, a varejista Riachuelo e o desodorante Old Spice, da P&G.
Mas o que poderia ser considerado um investimento de marketing sem muito sentido tem, na verdade, uma explicação muito bem embasada: o mercado de jogos tem crescido de forma rápida – o Brasil é o 13o maior mercado do mundo, com receita de US$ 1,5 bilhão e 75 milhões de jogadores – e os jogadores nada têm a ver com a imagem tradicional que se costuma fazer desse público, o adolescente introspectivo que fica trancado no quarto por horas a fio. Eles são, na verdade, muito ativos e consumidores em potencial de todo tipo de produto.
“O videogame deixou de ser algo de nicho pra virar conteúdo de massa”, diz Marcelo Tavares, diretor da BGS. Segundo ele, esse movimento tem feito a presença de empresas de fora do universo dos games avançar de forma “natural”, por iniciativa das próprias marcas.
De acordo com ele, a BGS registrou em 2018 um crescimento de 30% em termos de expositores, saindo de 250 para 327 estandes. A receita cresceu na mesma proporção, mas ele não abre os valores absolutos. A expectativa é que a feira receba 330 mil pessoas, 4% a mais que no ano passado.
Na Santa Helena, que faz sua estreia na feira, a presença será o ponto alto de uma campanha de marketing que começou em agosto e que tem como objetivo aumentar as vendas do salgadinho Crokissimo entre 30% e 35% até o fim do ano. Segundo Daniela Zanin, gerente de inovação e comunicação da companhia, a conversa com esse público faz sentido dentro da estratégia de reposicionamento da marca, que passou a olhar com mais atenção jovens entre 18 e 25 anos – idade da metade dos jogadores no Brasil.
A Fini, que participa da BGS pela segunda vez, fez um investimento 12% superior para montar seu estande, que terá os mesmos 100 m2 do ano passado, mas trará novas atrações como uma competição de jogadores com consoles clássicos como o Nintendo 64. “Identificamos que a Fini já faz parte da rotina de consumo desse público, por isso começamos a posicionar nossa comunicação”, disse Luiz Henrique Ferreira, gerente de comunicação da fabricante. Nos últimos anos, a Fini também mudou seu público-alvo, buscando um perfil mais adulto. “O investimento não se paga diretamente, mas tem retorno em identificação do consumidor, que curte as experiências que criamos”, diz.

https://www.valor.com.br/empresas/5916495/novo-perfil-de-fas-de-games-atrai-marcas#

Comentários estão desabilitados para essa publicação