Europa tira agricultura de negociação com os EUA

A principal autoridade comercial da União Europeia (UE) disse ontem que vai buscar um acordo para a redução rápida de tarifas com os EUA, depois que os governos europeus apoiaram a negociação que visa aliviar as tensões entre os dois aliados ocidentais.
Cecilia Malmström disse que Bruxelas “fará tudo o que estiver ao seu alcance” para chegar a um acordo com os EUA até 1o de novembro, sobre um entendimento “limitado mas significativo” que reduzirá as tarifas sobre bens industriais. Mas ela admitiu que os dois lados não chegaram a um acordo sobre o que deverá ser tratado nas negociações, com a Europa rejeitando a exigência de Washington de que um acordo deveria incluir maiores oportunidades de exportação aos produtores agrícolas americanos.
As discussões são uma prioridade para Berlim e outras capitais da UE, que as veem como uma maneira de convencer o presidente dos EUA, Donald Trump, a não impor tarifas punitivas ao setor automobilístico da Europa.
Ao mesmo tempo em que trava uma guerra comercial com a China, Trump ameaça a UE com tarifas como meio de resolver o que ele vê como uma relação comercial distorcida. No ano passado ele aplicou sobretaxas às exportações europeias de aço, levando Bruxelas a impor tarifas retaliatórias.
A UE e os EUA também se encontram num momento sensível de sua longa rixa sobre os subsídios ilegais à Airbus e à Boeing, com os dois lados preparando longas listas de produtos que poderão ser alvo de retaliações.
As negociações sobre os bens industriais são parte de um acordo firmado no ano passado por Trump e o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, pelo qual os dois se comprometem a trabalhar juntos para resolver atritos nas relações comerciais, em vez de recorrerem a medidas unilaterais.
Ontem, Malmström disse que as novas discussões são um passo “essencial” para “encerrar um ciclo contraproducente de medidas e contramedidas”.
As negociações foram confirmadas depois que os governos da UE ignoraram as objeções da França – com base no argumento de que os EUA não se comprometeram com o Acordo de Paris sobre o clima, firmado em 2015.
Paris votou contra as discussões após tentar adiar a aprovação do mandato de negociação para depois das eleições para o Parlamento Europeu em maio.
Washington insiste que um acordo comercial deve incluir a abertura do mercado agrícola da UE a uma maior concorrência, apesar de isso ser amplamente rejeitado pelos governos europeus.
O Congresso dos EUA “tem um modelo diferente” para as negociações, segundo admitiu Malmström, acrescentando que Bruxelas tem sido clara “desde o começo”, de que o acordo não abrangerá a agricultura.
Mas ela disse que um acordo concentrado nos bens industriais poderá proporcionar “benefícios tangíveis rápidos”, aumentando as exportações da UE para os EUA em 8% e as exportações dos EUA para a UE em 9%.
“Agora, a bola está com os EUA, para que eles decidam quando podemos começar”, disse Malmström, acrescentando que seu objetivo é concluir as negociações quando ela deixar o cargo no fim de outubro.

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