E­mails revelam estratégia do Facebook

O Parlamento do Reino Unido divulgou cerca de 250 páginas de e-mails internos do Facebook, a maior rede social do mundo. Os deputados britânicos dizem que a troca de mensagens mostra como executivos da companhia, incluindo o fundador e CEO Mark Zuckerberg, deram a alguns programadores acesso especial a dados dos usuários da rede social e consideraram cobrar por isso.
Executivos do Facebook também discutiram um acordo pelo qual empresas 
como Netflix, Airbnb e Lyft (empresa de transporte que usa carros 
compartilhados nos Estados Unidos) poderiam recolher mais informações 
sobre usuários da maior rede social do mundo do que a que estava disponível para a grande maioria das empresas.
Um comitê parlamentar britânico vem investigando o Facebook devido ao escândalo de vazamento de dados, de março deste ano, envolvendo a consultoria Cambridge Analytica.
Os documentos da companhia foram fornecidos recentemente aos deputados do Reino Unido no âmbito de uma ação judicial movida contra o Facebook nos Estados Unidos pela Six4Three, empresa que desenvolve aplicativos. Esta empresa alega, desde 2015, que as políticas de dados da rede social violavam as práticas concorrenciais e favoreciam certas empresas em detrimento de outras.
A maioria dos documentos do caso foi colocada sob segredo de Justiça, a pedido do Facebook e por ordem de um juiz da Califórnia. Em um e-mail de outubro de 2012, segundo o jornal “The Washington Post”, Zuckerberg fala sobre o modelo de negócios e sugere cobrar, por acesso adicional a dados de usuário e amigos, US$ 0,10 por ano, por internauta.
Após da divulgação dos e-mails, Zuckerberg manifestou-se. “Nós optamos por um modelo onde continuamos a fornecer gratuitamente a plataforma de programação e as empresas podem escolher comprar anúncios, se quiserem”, escreveu Zuckerberg, em mensagem publicada na rede social.
“Consideramos outras ideias, mas preferimos cobrar aos programadores pelo uso da plataforma, semelhante ao que acontece quando os programadores pagam para usar a Amazon AWS ou o Google Cloud. Para ser claro, isto é diferente de vender os dados das pessoas”, disse o fundador do Facebook.
Também ontem o conselho de administração do Facebook disse que foi “inteiramente apropriado” Sheryl Sandberg, a principal executiva operacional da companhia, perguntar se o bilionário George Soros estava “vendido”, ou seja, apostando na baixa das ações, quando chamou o Facebook de uma “ameaça”. O conselho enviou uma carta para Patrick Gaspard, presidente da Open Society Foundations, entidade de Soros, ontem pela manhã. As ações do Facebook, neste ano, acumulam queda de 21,83%, na Nasdaq.

https://www.valor.com.br/empresas/6014645/e-mails-revelam-estrategia-do-facebook#

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